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Moçambique: Presidente da Renamo apela ao governo para pedir “ajuda internacional”

Ossufo Momade, presidente da Resistência Nacional Moçambicana, principal partido da oposição, apela ao governo para que peça ajuda internacional para combater a violência no norte do país.

O presidente da Resistência Nacional Moçambicana (Renamo), Ossufo Momade, principal partido da oposição, apelou esta terça-feira ao Governo para pedir apoio à comunidade internacional visando o combate aos grupos armados que protagonizam ataques no norte do país.

“O Governo deve solicitar o apoio da comunidade internacional para, de forma legal e aberta, apoiar Moçambique no combate a estes terroristas”, afirmou Ossufo Momade.

Momade defendeu o recurso ao auxílio internacional, numa comunicação que leu perante jornalistas e que não teve direito a perguntas.

A ocupação de vários distritos de Cabo Delgado e os avanços progressivos dos insurgentes deixam as populações e o país inteiro numa grande insegurança e fica cada vez mais claro que há grandes fragilidades no seio das Forças de Defesa e Segurança”, enfatizou.

Sem uma resposta eficaz, prosseguiu, a ação de grupos armados poderá alastrar-se da província de Cabo Delgado a outras duas províncias da região norte, nomeadamente Nampula e Niassa.

O presidente da Renamo repudiou o recurso a “mercenários” para o combate aos grupos armados, assinalando que esta opção só vai agravar a violência e a vulnerabilidade da soberania moçambicana.

Ossufo Momade defendeu que o Governo deve empenhar-se na identificação dos autores da violência armada no norte, “que parece ter apadrinhamento interno, a avaliar pela forma como começou esta guerra e a maneira estranha como foram negligenciadas as informações de alerta, logo em 2017”.

Momade criticou o “triunfalismo” das Forças de Defesa e Segurança (FDS) na luta contra os grupos armados, classificando-o como “inconsistente e chavões desqualificados”.

O presidente da Renamo alertou para a situação de “desespero” em que se encontram milhares de pessoas obrigadas a fugir da guerra no norte, deplorando a falta de condições nos centros e nas famílias de acolhimentos dos deslocados.

Ossufo Momade censurou ainda o Presidente da República, Filipe Nyusi, por ter dito que o ataque do dia 24 de março à vila de Palma “não foi o maior que tantos outros”, acusando-o de “secundarizar a vida e o sofrimento do povo”.

A violência desencadeada há mais de três anos na província de Cabo Delgado ganhou uma nova escalada há cerca de duas semanas, quando grupos armados atacaram pela primeira vez a vila de Palma, que está a cerca de seis quilómetros dos multimilionários projetos de gás natural.

Os ataques provocaram dezenas de mortos e obrigaram à fuga de milhares de residentes de Palma, agravando uma crise humanitária que atinge cerca de 700 mil pessoas na província, desde o início do conflito, de acordo com dados das Nações Unidas.

O movimento terrorista Estado Islâmico reivindicou na segunda-feira o controlo da vila de Palma, junto à fronteira com a Tanzânia.

Vários países têm oferecido apoio militar no terreno a Maputo para combater estes insurgentes, cujas ações já foram reivindicadas pelo autoproclamado Estado Islâmico, mas, até ao momento, ainda não existiu abertura para isso, embora haja relatos e testemunhos que apontam para a existência de empresas de segurança e de mercenários na zona.

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