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Mototaxistas protestam na capital angolana (Luanda) contra “restrições impostas” pelo Governo Provincial de Luanda (GPL)

Centenas de mototaxistas protestaram na quinta-feira em várias ruas de Luanda, contra as recentes restrições à circulação na capital angolana, queixando-se de falta de diálogo, tendo sido dispersados pela polícia, descreveu hoje um dos participantes à Lusa.

A ação teve início no final da tarde de quinta-feira, quando mais de 500 mototaxistas, concentrados no Largo das Escolas, para discutirem a proibição de circular nas principais avenidas e estradas da capital angolana, foram dispersados pela polícia, que ao chegar ao local efetuou alguns disparos, de acordo com vídeos a circular nas redes sociais.

Em declarações hoje à agência Lusa, o mototaxista Paulo Ramos, de 47 anos, que participou no encontro, explicou que pretendiam chegar a um consenso dos passos a seguir em função da proibição imposta pelo Governo Provincial de Luanda (GPL), optando por dialogarem para “depois bater à porta de quem de direito”.

“Infelizmente não houve esse contacto, depois da situação que de ontem [quinta-feira] acabámos ficando dispersos e não conseguimos manter novamente o contacto para passos seguintes. Não sei ainda no decorrer do dia qual vai ser o passo seguinte”, referiu.

Segundo Paulo Ramos, que há mais de dez anos é mototaxista, por falta de emprego, o objetivo é terem um encontro com o governador da província, para mais pormenores das medidas agora aplicadas e que solução poderão dar aos profissionais.

“Dependemos deste labor para o nosso sustento”, frisou nas declarações à Lusa.

Um dos argumentos das autoridades angolanas para a implementação desta medida tem a ver com as altas taxas de acidentes rodoviários envolvendo estes meios, com um registo já de 300 mortos no primeiro trimestre deste ano.

Paulo Ramos reconhece o número de acidentes, mas diz que “a medida não é a mais ajustada”, porque “a maioria depende desse trabalho para o seu sustento”.

“Penso que faltou um diálogo entre o governo da província de Luanda e os mototaxistas, deveria antes haver um diálogo e pontualizarem-nos dos transtornos que temos causado à cidade de Luanda e não só, e em conjunto encontrarmos uma via mais viável para minimizar as situações que têm acontecido”, referiu.

A Lusa tentou desde quinta-feira ouvir a polícia angolana, mas sem sucesso até ao momento.

De acordo com Paulo Ramos, não há registo de detenções ou qualquer outra situação com os participantes neste protesto, que durante algum tempo causou agitação entre os cidadãos e perturbação ao trânsito, na hora de fim de expediente.

Questionado sobre se existe um controlo do número de mototaxistas em Luanda, Paulo Ramos disse que é difícil avançar-se a quantidade, realçando que na concentração de quinta-feira eram mais de 500 motas.

Paulo Ramos vincou que a maioria dos mototaxistas não é membro da Associação dos Motoqueiros e Transportadores de Angola (Amotrang), lembrando que se juntam cada vez mais membros a esta classe “por uma questão circunstancial”, para ultrapassar as dificuldades económicas que o país atravessa.

“A Amotrang apenas tem o controlo de um grupo limitado de motoqueiros e a maioria não está incluída dentro desta associação, e em momento nenhum sentimos a presença da Amotrang quando temos outras situações no nosso dia-a-dia (…) achamos que a Amotrang não está para resolver os nossos problemas”, destacou.

O Governo Provincial de Luanda (GPL) anunciou, para esta tarde, um encontro com as associações da classe para avaliar as medidas de ordenamento do trânsito anunciadas esta semana.

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