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MPLA: “Entre guerras e traições” – somente a reconciliação podê-lo-á salvar do coma político

Começa – se o presente texto de “opinião livre” com o adágio de Johann Paul Friedrich Richter, um escritor romântico alemão muito admirado na sua época. A modificação que fez no seu nome deveu-se à admiração que sentia por Jean-Jacques Rousseau, no seu aforismo Jean Paul afirma:

“Se quisermos afastar a imortalidade do plano heróico, então a beleza moral é transformada numa bolha de sabão em ruínas”.

Com isso, queremos relevar, a necessidade imperativa de uma reconciliação plena, que encontra- se ligada ao actual contexto que o MPLA enfrenta, face às profundas circunstâncias que revestem a sua existência aos nossos dias. O MPLA tem o fim a bater – lhe as portas, até então, de maneira bastante irônica os seus membros, simpatizantes, seguidores e amigos têm – se mostrado totalmente inocentes no que respeita a real preocupação que assarapanta o Partido aos nossos dias. Outros fingem ser privados de visão, e nada saber no que tange o actual curso do Partido, e transformam os problemas num verdadeiro paraíso para se habitar, esquecendo – se que o MPLA aos poucos está a dar o seu à Deus. Se o MPLA não se reconciliar sairá da melhor organização política de África à pior organização política, nem sequer a história o poupará. Se o MPLA não se reconciliar estará pior que 1961 quando começou, face ao clima de guerras e traições instaladas no actual quadro político (…). Somente lhe resta um único remédio para salvar – se do coma político que vive aos nossos dias: “a reconciliação plena do Partido”.

I — Há necessidade da existência de heróis no seio do MPLA capazes de salvar o partido do actual coma político que vive aos nossos dias

É imperativo reconciliar o MPLA, sem ter em conta a necessidade dos Donos Disto Tudo. Ou o MPLA se reconcilia, ou o MPLA tem de aceitar que há – de desaparecer da face da terra. A reconciliação é um bem precioso que nada substituirá, não só tornará mais forte o MPLA, como criará todos os recursos necessários para os próximos governos que Deus tê – lo – á indicado, caso se reconcilie.

Precisamos seguir os exemplos de homens que salvaram o MPLA de todas as atrocidades do passado, como Viriato Clemente da Cruz (que deu o seu exemplo, quando em 1956 escreveu nos estatutos do PLUA a necessidade da existência de um amplo movimento popular, fazendo sobrevir o MPLA em 1961) Ilídio Machado (que foi o arquitecto do PCA, PLUA e do MINA), Iko Carreira (que foi um grande guerrilheiro em prol da causa angolana), Gentil Viana (um jurista que prestou fortes contributos para a grandeza do MPLA, desde a sua fase embrionária na CEI até a sua criação), Agostinho Neto (o fundador da Nação Angolana), Mário Pinto de Andrade (um dos nacionalistas que muito deu pela grandeza do MPLA), Hugo Azancot de Menezes (co – fundador do MPLA), José Eduardo Macedo dos Santos (co – fundador do MPLA), Deolinda Rodrigues (a mãe da revolução), Lúcio Barreto de Lara (envolveu-se desde cedo nas movimentações nacionalistas em curso desde os anos 1950, em Angola e entre os angolanos no exílio). Chegou a hora de salvar o MPLA, dar um fim às guerras internas e impor uma plena reconciliação do Partido.

II — Guerras internas servirão apenas de um presente envenenado

Não vos esqueçais que as guerras internas são meios capazes de debilitar os movimentos políticos, e, torná – los mais frágeis, há exemplos de movimentos políticos que estão à beira de uma ruína inevitável, face às guerras internas que se instalaram em suas bases políticas, são exemplos:

A – A FNLA,

B – A CASA – CE,

C – O MPLA.

Dentre os três movimentos políticos, o MPLA pode salvar – se do coma político que vive aos nossos dias, e, sair imediatamente dos cuidados intensivos, basta aceitar uma reconciliação interna do Partido, sairá imediatamente de qualquer forma de precipício que seja capaz de impor divisão e dar fim a sua existência, e, terá formas claras de estratégias que visam salvar o País da falência económica, onde João Lourenço não é capaz de dar nenhuma forma de solução aos variados problemas do fórum económico que o País vive aos nossos dias. No entanto, a solução a qualquer circunstância que impõe – se no círculo do MPLA está ligada à reconciliação do Partido. Se se reconciliar o Partido, até aparecerão soluções válidas para pôr fim à crise económica que se vive no País.

III — Somente um espírito patriótico pode salvar o MPLA da crise interna que vive aos nossos dias

Para salvar o MPLA, há que ter espírito patriótico como de Gentil Viana, que começou jovem, ainda no liceu de Luanda, a lutar pela identidade angolana nos moldes que eram possíveis naqueles tempos em que o fascismo português exercia feroz repressão política em Portugal e nas suas colónias. Gentil Viana e tantos outros foram valentes guerrilheiros em prol da causa angolana, assumiram o perigo como a única moradia possível de tê – la em companhia, muitos dos quais lutaram a vida toda, e, a única forma de paz que encontraram foi a morte física, porém, as cicatrizes que deixaram para trás continuam vivas como o fogo aceso. Viveram uma vidade lutas incansáveis em prol da emancipação do povo angolano e de Angola, em prol da unidade de todos os angolanos, nunca tiveram descanso algum, fizeram tudo de forma altruísta, e, nada receberam em troca pelo sacrifício que consagraram em nome da nação, eram sobreviventes das balas que atacavam os seus companheiros em frente de combate, mas permaneceram vivos das ruínas causadas pela guerra anti – colonial, ergueram eles o primeiro movimento de libertação de Angola, de facto, são os verdadeiros homens imortais, os que sonharam e realizaram os seus sonhos para o bem de um povo, de uma nação, os que esqueceram as suas vidas, as suas famílias, o seu futuro, e, dedicaram de forma absoluta, a vida em prol da nação, como Viriato da Cruz, “o pioneiro do MPLA”, Pinto de Andrade “O pioneiro da negritude – Lusa e da consciência negra”, Matias Miguéis “co – fundador do MPLA”, Eduardo Macedo dos Santos “co – fundador do MPLA”, Lúcio Lara “co – fundador do MPLA”, Agostinho Neto “O fundador da Nação angolana”, José Eduaro dos Santos “Pai da Nação angolana, Arquitecto da paz e pioneiro da Reconciliação Nacional e da Reconstrução Nacional”, Deolinda Rodrigues “a mama fundadora da OMA”, Hoji – ya – Henda “Pioneiro da JMPLA, Filho querido do povo angolano e combatente heróico do MPLA, morreu em combate, aos 27 anos de idade, durante um assalto ao quartel de Karipande, do exército colonial português”, Ilídio Machado “O pioneior do PLUA e do MINA”, Iko Carreira “importante militar da EPLA, guerrilheiro imortal”, e tantos outros, que deram as suas vidas em nome do bem dos angolanos, e os seus exemplos de sacrifício e coragem representam os dias de liberdade de hoje em Angola.

IV — Temos de seguir o exemplo de homens imortais

Há que seguir o exemplo dos nacionalistas supracitados pelo autor do presente texto de opinião, e salvar o MPLA do actual quadro obscuro que vive aos nossos dias. Somente a reconciliação plena do MPLA podê – lo – á salvar. Homens imortais: vivos ou mortos, continuarão vivos através dos factos por estes realizados, parafraseando Milan Kundera “O homem pode pôr fim à sua vida, mas não à sua imortalidade.”

V — Senhores do BP e do CC chegou a hora de reconciliar o MPLA

Senhores do MPLA, do BP e do CC chegou a hora de despirem as vossas faculdades mentais do magno orgulho que ofusca qualquer desejo de reconciliação do MPLA. Antes que seja tarde demais, o MPLA morra nos cuidados intensivos face a crise interna que infectou o corpo do Partido, como o coronavírus infectou o mundo. JLO jamais será um cientista cuja natureza seja capaz de criar uma fórmula para salvar Angola da crise económica que vive, aliás, JLO representa o contrário, é o factor decisivo da decadência da economia angolana e do profundo retrocesso do Partido. A sua governação escolheu a corrupção como facto e o combate à corrupção como um discurso, entre as palavras e as acções no seu governo existe uma distância que vai dos céus à terra. JLO não é nenhum líder capaz de salvar o MPLA, aliás, revela – se totalmente contrário à salvá – lo, ao invés de tê – lo salvo, apenas matá – lo – á de forma progressiva e inevitável. JLO, envaidecido pelo orgulho e pela ganância em nome das riquezas do País, fez da corrupção num instrumento valioso para o seu consulado. Todavia, tornou- se adepto do cinismo e fez – se incapaz de abrir mãos à uma reconciliação plena no âmago do Partido que pode pôr fim ao divisionismo e ao clima de guerra.

VI — Chegou a hora de JLo dar o seu único sinal de grandeza para o seu legado enquanto presidente do MPLA

JLO prometeu impor mudança no País, porém, desde que Lourenço chegou ao poder, inverteu totalmente a sua caminhada, a direcção do seu veículo político está perdida no tempo, no espaço e quiçá, em pessoa, está andar em contramão, a corrupção que pretende atacar, é a mesma que tem vindo de forma progressiva à realiza, sem qualquer juízo que pretende justificar um combate à corrupção totalmente selectivo. Com JLO à frente do volante do País, o País deu cinco passos à retaguarda, um retrocesso absoluto, desde o ponto de vista global. A luta contra a corrupção, a sua maior bandeira, tornou- se na sua pior falha, enquanto combate a corrupção, faz da corrupção numa vontade inegável no seu consulado, prática aquilo que diz detestar. A corrupção fez – se no consulado de JLO num verdadeiro privilégio para um real enriquecimento ilícito, enquanto isso, Lourenço atira – se de corpo e alma contra os seus colegas de trincheiras da ala eduardista, persegue – os. Lourenço transformou a sua governação num verdadeiro drama de corrupção, há tanta corrupção na governação de JLO, que talvez supere a de JES. JLO não está a fazer nenhum combate à corrupção, está apenas a dar sequência à construção de um vasto império lourencista, enquanto isto, destrói com as suas duas mãos o império eduardista. JLO não é salvador nenhum da Pátria, nem sequer do MPLA, se fosse não faria corrupção como está a fazer corrupção aos nossos dias, outrossim, aceitaria reconciliar o MPLA sem olhar ao retrovisor do seu veículo político para destapar as memórias que abarcam o seu passado. JLO deixará a economia angolana completamente falida, com os seus cofres de Estado cheios de nada.

Dizia JLO que lutaria contra o peculato, o branqueamento de capitais, a bajulação, a corrupção, mas, antes pelo contrário, tem aumentado o nível de corrupção no seu consulado, bajula – se tanto quanto no passado, pratica – se todas as formas de atrocidades contra o aparelho do Estado como se praticava no passado. Tudo o que disse até aqui, não invalida o que disse em Agosto de 2017, quando, ao anunciar a sua primeira chegada à Presidência da República, num discurso que levou quase duas horas de leitura, disse que seria capaz de salvar o País da corrupção e da crise económica que se vive. Volvidos quatro anos da sua governação, esta afirmação parece mais actual do que nunca. É daquelas coisas que sobrevivem ao tempo. JLO envelheceu, a sua geração envelheceu, os que o ouviram dizer que iria acabar com a corrupção em Angola e iria salvar o MPLA, também envelheceram, mas a maldita afirmação está aí, de pedra e cal. Inamovível e sem ferrugem.

Por conseguinte e independentemente das razões político-constitucionais que o levam entrar na Presidência da República, ele e a sua geração estão ligados por outra razão: devem reconciliar o MPLA, antes que este desapareça na face da terra! A nação agradeceria se o fizessem. No entanto, têm que aceitar que chegou a hora de reconciliar o MPLA, e acabar com as guerras impostas no âmago do Partido.

Se, JLO quer portar-se à altura do MPLA deveria reconciliar o Partido, e acabar com o divisionismo interno no MPL. Seria o melhor papel que deixaria no seu legado cheio de nada. Gente que gaba a sua magnanimidade deveria exercer um pouco de grandeza. Seja por ele, seja pelo MPLA, mas que seja sobretudo pela nação. Desde que chegou ao poder não deixou ao País nada que lhe sirva de memória, no entanto, JLO nem sequer legado tem: chegou a hora de reconciliar o MPLA, antes que seja tarde e o MPLA acabe na face da terra. Se não o fizer, a morte prematura do Partido terá como culpado central JLO e a sua entourage.

Por outro lado, se por acaso JLO já não se lembra, recordemos. JLO esqueceu-se de alguma coisa: ninguém no MPLA lhe queria como Presidente, foi JES e Vladmir Putin que impuseram Lourenço num tom imperativo e inegável. Embora JES tenha sido enganado pela CIA, que terá manipulado a informação sobre a pesquisa do perfil dos indivíduos que o poderiam substituir, tendo indicado JLO como o único indivíduo com um perfil aceitável à substituição de JES, por ter ligações com esse organismo, ainda assim, foi a sua vontade única de JES que chamou Lourenço à substituí – lo em frente do destino do MPLA e do País. Se JES não colocasse JLO à frente do MPLA, JLO jamais seria Presidente da Nação Angolana. Mas ninguém deve ignorar o seguinte: não há inocentes. Como se diz na obra de Pepetela “Jaime Bunda Agente Secreto”, quem parte e reparte se não é burro, fica sempre com a melhor parte. Já sabemos que o protegido de JLO, Sr. Manuel Vicente ficou com a melhor parte. Mas também é verdade que as outras partes não são exactamente migalhas. Por conseguinte, caros “camaradas do MPLA” façam o que a nação espera. Reconciliam o MPLA, acabem de uma vez por todas com as guerras, intrigas e divisionismo imposto no âmago do MPLA. Salvem o MPLA de qualquer forma de ignorância política que o possa matar.

Assim diz o adágio popular: “Quem avisa é amigo”. Somente o futuro vos educará. Os inteligentes aprendem com os próprios erros, os sábios aprendem com os erros dos outros. Foi a ignorância política e a guerra interna que fez da FNLA num total desastre mortífero, a CASA – CE seguiu o mesmo exemplo, e não será diferente no MPLA, caso se ignore a reconciliação do Partido.

BEM – HAJA!

João Hungulo: Mestre em Filosofia Política  & Pesquisador.

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