A junta militar birmanesa anulou esta segunda-feira os resultados das eleições de 2020, que deram a vitória do partido de Aung San Suu Kyi, dizendo que a votação não foi “livre e justa”, seis meses após derrubar o Governo da prémio Nobel da Paz.
A comissão eleitoral alegou que mais de 11 milhões de casos de fraude foram detetados nessas eleições em que a Liga Nacional para a Democracia (NLD), de Aung San Suu Kyi, derrotou a oposição favorável aos militares.
O NLD “tentou tomar o poder em detrimento de outros partidos e candidatos, usando indevidamente as restrições da covid-19”, disse o presidente da comissão eleitoral, Thein Soe. “Não foi livre e justo, razão pela qual o resultado das eleições de 2020 foi anulado”, acrescentou, justificando a decisão, mas sem referir a data de novo escrutínio.
A junta militar já tinha dito que marcaria novas eleições no espaço de dois anos, mas também ameaçou dissolver o NLD.
“Aung San Suu Kyi está na prisão desde o golpe e enfrenta uma série de acusações que vão desde violação de restrições de saúde à importação ilegal de ‘walkie-talkies’, o que pode resultar em mais de 10 anos de cadeia”.
“Myanmar vive uma situação de caos desde o Golpe de Estado, em fevereiro, e, de acordo com uma organização não governamental local, mais de 900 pessoas perderam a vida devido à atuação repressiva das forças de segurança sobre os manifestantes que protestam contra a junta militar”.
A pandemia de covid-19 também está a provocar danos no sistema de saúde já debilitado do país, enquanto a economia deve cair 18% em 2021, segundo o Banco Mundial.