spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

“Nacionalização da operadora angolana de telecomunicações UNITEL sem impacto na gestão operacional” — Diretor-Geral

O Diretor-geral da UNITEL disse hoje que a nacionalização da operadora angolana de telecomunicações não teve impacto na gestão operacional da empresa, e recusou-se a comentar as queixas da empresária Isabel dos Santos.

“A questão da nacionalização não é tema (…) os acionistas são os mesmos”, afirmou hoje Miguel Geraldes em declarações à Lusa, sublinhando que as participações dos dois acionistas em litígio com as autoridades — ou seja, Isabel dos Santos e o general Leopoldino Fragoso do Nascimento “Dino” – já estavam a ser geridas pelo IGAPE (Instituto de Gestão de Ativos e Participações do Estado).

“Portanto, não há uma alteração no seu contexto (…) essa é uma questão das autoridades e que não impacta na operação que continua exatamente como ela estava”, argumentou.

Miguel Geraldes, que falava à margem da “V Conferência sobre Transformação Digital: Telecomunicações, Digitalização e Inclusão Financeira”, escusou-se a falar sobre o concurso público para encontrar novos acionistas para a empresa, insistindo que a gestão operacional da empresa “decorre na normalidade”.

“Essa é uma questão (concurso público) do nível acionista, eu só posso referir-me à questão da gestão e o que disse é que a alteração da nacionalização não fez qualquer impacto no nosso dia-a-dia, na gestão operacional, tudo o resto não nos compete a nós dizer”, realçou.

O ministro dos Recursos Naturais, Petróleo e Gás, Diamantino Azevedo, anunciou em meados deste mês que o executivo angolano vai abrir um concurso público para encontrar novos acionistas para Unitel, depois de as quotas de Isabel dos Santos (Vidatel) e do general “Dino” (Geni), cada um com 25% a empresa de telecomunicações, serem nacionalizadas pelo Estado angolano.

Na prática, o Estado angolano fica detentor do total do capital social da Unitel, já que cada participação correspondia a 25% e os restantes 50% já eram detidos pela petrolífera estatal Sonangol.

O anúncio foi feito em outubro através da página oficial da Presidência angolana no Facebook que justifica as decisões presidenciais com o “excecional interesse público” da Unitel para o Estado, tendo em conta a sua posição estratégica do setor, por um lado, e as ações judiciais contra parte dos acionistas da Vidatel (Isabel dos Santos) e as fortes medidas restritivas no país e no estrangeiro contra o beneficiário efetivo da Geni (general “Dino”).

O diretor-geral da Unitel escusou-se também a fazer comentários sobre as queixas de Isabel dos Santos, que considerou o processo da nacionalização da operadora como “um roubo”.

Em entrevista à DW África, a filha do ex-Presidente angolano disse não perceber os motivos invocados pelo Estado para realizar a operação.

“O Estado angolano mandou, há cerca de um ano e meio, dois anos, pagar um bilião de dólares por 25% da Unitel à PTV [atualmente detida pela Sonangol] mas as outras percentagens resolveu nacionalizar. E o decreto de nacionalização diz que a empresa é boa, que tem boa tecnologia, que emprega muita gente, ou seja, que está bem. Então qual é a razão da nacionalização”, questionou, defendendo que é “para vender aos amigos”.

Questionado sobre se Isabel dos Santos fazia falta à Unitel, Miguel Geraldes manifestou respeito pela fundadora da operadora angolana e recordou que quando chegou à empresa não teve qualquer contacto com Isabel dos Santos, por esta já não estar, na época, em funções.

“Mais uma vez não tenho comentários sobre esse assunto, não posso comparar o antes e o depois, só posso comparar desde quando lá estou e desde quando lá estou temos feito um desenvolvimento em termos de investimento para a infraestrutura bastante elevado”, argumentou.

Deu a conhecer também que a Unitel fez, nos últimos quatro anos, um investimento de 700 milhões de dólares (675 milhões de euros), “o maior investimento dos últimos dez anos em infraestrutura”.

“Obviamente, a Unitel tem um investimento em infraestrutura elevadíssimo, nomeadamente sobre a fibra ótica nacional, estamos a falar de valores de vários bilhões de dólares”, explicou ainda.

O diretor-geral da Unitel foi um dos oradores da mesa-redonda sobre o “Desenvolvimento e Acesso às Comunicações como Fator para a Digitalização”, enquadrada na conferência realizada hoje pela revista Economia & Mercado.

 

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img
spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Destaque

Artigos relacionados