O V Congresso Ordinário do braço juvenil da UNITA elegeu Ekuikui com mais de 79% dos votos. Discursando no evento, Adalberto Costa Júnior alertou para o “ambiente de perseguição à juventude” que se vive em Angola.
Em Angola, os delegados do V congresso ordinário da Juventude Unida Revolucionária de Angola (JURA), que terminou na noite desta sexta-feira (17.03), elegeram Nelito Ekuikui para o cargo de secretário-geral.
Ekuikui foi eleito com 79,82% dos votos, tendo João Lukombo conseguido 19,82 %.
O V Congresso Ordinário da JURA é visto como o mais polémico por alguns militantes que mostraram insatisfação face à forma como foi organizado. O conclave ficou marcado com a suspensão por tempo indeterminado de pré-candidatos que denunciaram à imprensa irregularidades no método de seleção dos concorrentes.
No entanto, e em entrevista à DW África, na véspera do arranque do evento, Elsa Pataco, porta-voz do Congresso,desvalorizou tais críticas.
Esta sexta-feira (17.03), após a divulgação dos resultados, João Lukombo, candidato derrotado por Ekuikui, apelou à união dos jovens da UNITA.
“A partir deste momento, as campanhas terminaram e a JURA tem um secretário-geral eleito, que devemos apoiar e trabalhar para engrandecer a nossa JURA e o partido”, disse.
“Falta de capacidade governativa” em Angola
Nelito Ekuikui, de 34 anos, que até fevereiro ocupou o cargo de secretário da UNITA na capital angolana, diz que vai trabalhar para promover a igualdade de género na organização.
O novo líder da Juventude Unida Revolucionária de Angola diz que a política de empregabilidade no país ainda é débil e lamenta o número crescente de jovens que diariamente perdem o emprego.
“Quando vejo quadros com capacidade técnica no desemprego dói-me profundamente. É frustrante ver que todo o sacrifício e toda a luta beneficiou apenas uma classe política e a sua família. Os jovens estão a cair no desemprego porque o MPLA não tem política congregadora para a juventude angolana”, asseverou.
Segundo o jovem, que substitui Agostinho Kamuango no cargo de secretário-geral da JURA, Angola encontra-se numa situação de “abandono, de falta de capacidade governativa”.
“Estamos a registar perseguições políticas, ameaças aos jornalistas, ativistas e organizações da sociedade civil. No país temos um governo que firmou um pacto crónico com a incompetência”, disse.
Ekuikui defendeu, por outro lado, a construção de uma estátua de Inocêncio de Matos, jovem morto na manifestação contra o alto custo de vida no país, em homenagem aos jovens que lutam por uma Angola melhor.
Também consta no plano da gestão de Nelito Ekuikui fazer da JURA o grupo político hegemónico no Conselho Nacional da Juventude, controlado pela ala juvenil do MPLA, partido no poder.
“Perseguição à juventude”
Ao discursar no ato de encerramento do V Congresso Ordinário da JURA, o presidente da UNITA, Adalberto Costa Júnior, afirmou que a JURA deve ser o “estuário da esperança, o estuário do trabalho, o estuário dos valores, da disciplina, do gosto pelo estudo, para uma sociedade que todos os dias nos dá indicadores de desesperança”.
O líder da oposição angolana defende que Angola precisa “definitivamente de criar uma nova esperança que construa um novo futuro”.
Adalberto Costa Júnior acusou o Executivo de forçar a emigração de vários jovens angolanos com “políticas repressivas” depois das últimas eleições.
“O vosso companheiro Nelson Dembo “Gangsta” tem fotografias coladas nas fronteiras do nosso país como procurado. Virou criminoso? É aceitável num país de jovens como hoje, transformar um jovem ativista num procurado como se de um criminoso se tratasse? Temos que ajudar quem está a transformar este país num ambiente de perseguição à Juventude que se termine definitivamente com isso”, afirmou.