A Aliança Patriótica Nacional vai concorrer às eleições gerais com a plataforma “Amplo Movimento Democrático – Angola Unida”. Qualquer semelhança com a “Frente Patriótica Unida” é mera coincidência, diz o partido.
O partido Aliança Patriótica Nacional (APN), liderado por Quintino Moreira, anunciou que vai concorrer às eleições com uma plataforma formada por 117 partidos extintos e 22 comissões instaladoras que viram a legalização das suas formações rejeitada pelo Tribunal Constitucional.
A APN foi o partido menos votado nas eleições gerais de 2017 (com 0,5% dos votos) e o primeiro a reconhecer o Governo eleito de João Lourenço. Sem assento parlamentar, diz agora que quer conquistar o poder nas eleições deste ano.
“Queremos que todos os angolanos que já tiveram um partido político extinto ou comissões instaladoras que não passaram no crivo do Tribunal Constitucional, ou estão em via de legalização, se congreguem nessa plataforma autodenominada ‘Angola Unida’, um projeto progressista e democrático”, explica Tiago Soares, secretário para os assuntos políticos e eleitorais do APN.
Coincidência?
Qualquer semelhança da “Angola Unida” com a “Frente Patriótica Unida” é pura coincidência, refere Tiago Soares.
Tal como a plataforma eleitoral da UNITA, Bloco Democrático e PRA-JA Servir Angola, o “Amplo Movimento Democrático – Angola Unida” também não será uma coligação. O projeto da APN absorverá apenas os partidos para a corrida às eleições gerais de agosto.
Tiago Soares explica por que o projeto não se juntou à Frente Patriótica Unida (FPU): “A APN não se revê em duas forças políticas, porque o PRA-JA Servir Angola é uma comissão instaladora chumbada pelo Tribunal Constitucional. No movimento que estamos a fortificar é que vamos congregar todo os angolanos, e não serão escolhidos”.
“Sem vínculo”com o MPLA
O político da APN nega que o projeto seja apadrinhado pelo Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA, no poder) para dispersar os votos e afrontar a FPU.
“O que vale um aliado fora da Assembleia Nacional? A APN tinha que estar na Assembleia Nacional para ser aliado do MPLA, para, de certa forma, ajudar o MPLA a fazer passar vários projetos na Assembleia. Não temos nenhuma ligação com o MPLA para a manutenção do poder. Se tivéssemos alguma ligação com o MPLA para a sua manutenção no poder, a APN teria uma vida financeira saudável”.
A plataforma eleitoral da APN deverá ser apresentada num congresso agendado para os dias 23 e 24 de abril, em Luanda.
Teka Ntu, coordenador da comissão instaladora do partido Ação pelo Reforço da Democracia em Angola (ARDA), chumbado pelo tribunal em março, diz que ainda não foi notificado sobre a plataforma, mas garante que está aberto a cooperar com outras forças políticas.
“A ARDA está aberta para cooperar com qualquer força que se assuma progressista e comprometida com a democracia e seus valores. Respeito e valorização mútua são as nossas bandeiras”, disse o político, que continua a litigar no Tribunal Constitucional para a legalização do seu projeto.
Por seu turno, o coordenador adjunto da Frente Patriótica Unida, Abel Chivukuvuku, entende que o surgimento de novas plataformas não inibe a FPU.
Chivukuvuku afirma que o eleitor deve escolher o que apresentar melhor programa de Governo.
“É positivo que, ao nível da sociedade civil, esteja a ser agora estruturada outra plataforma de intervenção. Todos têm legitimidade. Cabe aos cidadãos avaliarem as propostas”, sublinha.