O Ministro dos Transportes angolano disse que o voo experimental realizado no Novo Aeroporto Internacional de Luanda (NAIL) sinaliza o início do processo da certificação da infraestrutura, que se prolonga até final de 2023, período que inicia operações “sem restrições”.
Segundo Ricardo de Abreu, “que discursava hoje na cerimónia que marcou a realização do primeiro voo experimental no NAIL, denominado “Dr. António Agostinho Neto”, localizado 42 quilómetros a sul de Luanda, a infraestrutura “é uma obra tão necessária quanto emblemática”.
“Marcará de agora em diante o futuro da aviação civil em Angola e a nossa história comum. Por isso, dizemos que o nosso futuro da já começou”, disse.
Uma aeronave do tipo Boeing 777–300CR da companhia área angolana TAAG aterrou às 13:00 locais desta sexta-feira no NAIL, proveniente do aeroporto internacional 4 de Fevereiro, em Luanda, sinalizando o voo experimental no âmbito da certificação do NAIL, situado no município do Icolo e Bengo.
A cerimónia, simbolizada com um batismo de acordo de água sobre a aeronave, contou igualmente com um voo rasante da esquadrilha da Força Aérea Nacional, com jatos do tipo SU-30 e um outro com fumaça com cores da bandeira angolana.
Várias figuras do governo angolanos, entre ministros de Estado, ministros, secretários de Estado e demais governantes testemunharam o ato, que contou também com a presença de Maria Eugénia Neto, viúva do primeiro Presidente angolano, cujo nome foi atribuído ao NAIL.
Ricardo de Abreu, no seu discurso, enalteceu a figura de António Agostinho Neto, cujo centenário se assinala em setembro próximo, referindo que este é “o pai da nação, que a conseguiu manter una e indivisível, fazendo dela a trincheira firme da revolução em África”.
“Aquele que pela sua dimensão humana e política nos deixou um legado que ainda hoje nos permite a todos compreender melhor a dimensão da liberdade, o poder do engenho e a audácia dos angolanos”, afirmou.
O ministro dos Transportes angolano recordou a visita que fizera ao NAIL, em outubro de 2017, referindo que ao longo da visita anteviu “um desfecho fatal do projeto”, cujas obras tiveram início em 2007, porque, explicou, apesar de parecer em andamento, padecia de “graves dificuldades”.
“Em virtude dos temas difíceis por que passou, designadamente a sua conceção, o método de implementação, o modelo de negócio, o secretismo da sua execução”, recordou.
Após “orientações claras” para a conclusão do projeto, por parte do Presidente angolano, João Lourenço, em 2018, prosseguiu, as autoridades angolanas não deixaram de “trabalhar para a prossecução desses objetivos”, motivo pelo qual, sustentou, se pode hoje afirmar que “o setor da aviação civil no país se encontra num estádio mais avançado”.
“[Angola] dispõe hoje de uma verdadeira Autoridade da Aviação Civil, temos um quadro legal em perfeito alinhamento com as orientações da Organização da Aviação Civil Internacional, criámos novas empresas, especializadas nas suas atribuições”, exemplificou.
“Chegamos aqui, após todo o processo de reformas que temos vindo a implementar no setor dos transportes, temos obrigatoriamente de concluir que se o NAIL Dr. António Agostinho Neto não existisse, teria de passar a existir”, realçou.
“O NAIL ou o nosso futuro representa a cereja no topo do bolo, porque acreditamos que o conjunto de reformas já implementado vai potenciar e dinamizar o setor da aviação civil nacional em todas suas dimensões, assim como beneficiar todos os setores da economia nacional”, frisou o ministro angolano.
Considerou que foram enfrentados desafios diversos, “desde a ativação do financiamento para a conclusão do projeto à recuperação de ativos dentro deste perímetro” e à captação de recursos financeiros que permitem hoje assegurar o financiamento da fiscalização da infraestrutura.
O “mais importante” de todos os desafios, prosseguiu, foi a alteração do modelo de governação e gestão do projeto, com a criação em 05 de outubro de 2018, do Gabinete de Operacionalização do Novo Aeroporto Internacional, “órgão que assume a gestão do projeto, usando as melhores práticas de governação”.
O NAIL, segundo as autoridades angolanas, terá uma capacidade para receber 15 milhões de passageiros/ano, entre passageiros internacionais e domésticos, e está projetado para manusear 50 mil toneladas/ano.
O ministro dos Transportes angolano adiantou também que o projeto “já vai criando vários benefícios diretos para a economia angolana, do ponto de vista do emprego e da especialização técnica do capital humano”.
“Mas, também, na componente do conteúdo local, promovendo a nossa indústria de materiais de construção e outras especialidades, para que seja visível e relevante a nossa participação identitária no projeto”, rematou Ricardo de Abreu.
Área de terminal de passageiros e edifícios auxiliares, aérea de movimento e torre de controlo, cidade aeroportuária fazem parte das várias valências que o NAIL deve abarcar.