O funeral do antigo Presidente angolano José Eduardo dos Santos a acontecer no domingo, 28, dia em que se estivesse vivo completaria 80 anos de idade, segundo o porta-voz do MPLA, Rui Falcão, não terá a presença dos filhos que se encontram no exteriordo país, nomeadamente Isabel, José Filomeno “Zenu”, Welwitschea “Tchizé”, Joess e José Eduardo Paulino “Coreon Dú”.
Cidadãos ouvidos pela VOA lamentam essa ausência apesar de considerarem que o antigo Presidente tem de ser enterrado na sua terra natal.
Maria Kicomba, de 24 anos de idade, entende não estar ainda o assunto esclarecido, uma vez que as diferenças na família de Dos Santos permanecem.
Ela lamenta a situação em que estão submetidos os filhos que se opuseram ao enterro agora: “Uma autêntica arrogância e insensibilidade desmedida do governo Angolano”, diz.
Já Jurelma D´Castro questiona se o Presidente voltará a convidar os filhos para participarem do funeral do pai.
“Ele está a se sentir dono do corpo” lamentou D´Castro, que apela o Executivo a respeitar toda família.
“Não entendo do por quê de ser enterrado,no dia do seu aniversário, qual é a ideia do Executivo, respeito deve imperar sempre”, completa.
Também em conversa com a VOA, Finda Blanchardo entende que “na qualidade de ex-Chefe de Estado, a vinda do seu corpo é antes de qualquer coisa, um acto de salvaguarda da soberania nacional e, em última análise, um acto de respeito à sua memória enquanto filho de Angola”.
No entanto, para Blanchardo “era desejável que a sua família fizesse parte dessa última homenagem, independentemente do momento que a família atravessa. Dito isto, devia ser um imperativo a presença dos seus filhos e familiares mais próximos”.
Margarida Francisco classifica como “um acto desumano fazer o funeral sem a presença da maioria dos filhos” e que fazer o “enterro no dia do aniversário não é uma boa opção porque estariam a celebrar a sua morte”.
Outra cidadã, Nária De Lemos, é de opinião que o envio do corpo a Angola foi a a melhor decisão que o tribunal espanhol poderia tomar porque “regressou à pátria”.
Apesar das divergências com o Executivo, sendo pai e antigo Presidente da República, Lemos diz que “merece um funeral digno com todas as honras, os filhos levariam o pai, até à sua última morada, nãose despedir pelas redes sociais”.
Em áudios divulgados neste domingo, 21, a filha Tchizé dos Santos considera “profanação à figura de José Eduardo dos Santos realização do funeral nestas condições actuais”.
Ontem, após a notícia da transferência do corpo para Luanda, a filha mais velha, Isabel dos Santos escreveu numa rede social que o ódio falou mais alto.
“Levaste-me ao altar e eu não te poderei levar à tua última morada. Sempre sonhaste tudo de bom pra mim e eu pra ti”, afirmou a empresária, sublinhando que “o ódio dos homens falou mais forte hoje. Arrancaram-te dos meus braços”.
A filha mais velha concluiu: “Desculpa.., te amo…por ti choro”.
O corpo de José Eduardo dos Santos chegou a Luanda no início da noite de sábado, 20, depois de uma longa batalha jurídica entre os filhos mais velhos do antigo Presidente e a viúva, Ana Paula Santos, a quem um tribunal da Espanha entregou o corpo e autorizou a sua transladação para Angola.
Santos morreu a 8 de Julho em Barcelona de causas naturais.