O Presidente angolano, João Lourenço, disse hoje que o Governo vai organizar as exéquias fúnebres do ex-chefe de Estado José Eduardo dos Santos, para as quais conta com a presença de todos, incluindo a família “que está lá fora”.
“Se tivermos em conta as atuais circunstâncias não vemos por que razão a família que está lá fora não [possa] acompanhar o seu ente querido, estamos a contar com a presença de todos sem exceção de ninguém”, disse João Lourenço, à saída de uma reunião de emergência do MPLA, partido do poder e do qual José Eduardo dos Santos foi presidente emérito.
Depois da morte do ex-presidente angolano, hoje, aos 79 anos, em Barcelona, Espanha, permanece a incerteza quanto ao lugar onde será feito o enterro.
A advogada que representa Tchizé dos Santos, uma das filhas em disputa com o regime angolano, disse hoje que José Eduardo dos Santos não queria ser enterrado em Angola, para evitar um aproveitamento político da cerimónia e porque os filhos não podem entrar no país.
Tchizé dos Santos, que vive há vários anos fora de Angola perdeu o mandato de deputada do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) em 2019 e afirma correr risco de vida no seu país, enquanto a irmã mais velha, Isabel dos Santos, também a residir no exterior, enfrenta vários processos judiciais e diz ser vítima de perseguição.
Questionado sobre as acusações das filhas mais velhas do ex-presidente, João Lourenço disse que o foco neste momento é a organização das exéquias e que é obrigação do executivo realizar um funeral de Estado.
“Nenhuma autoridade do país tem competência para impedir que um cidadão angolano que esteja a viver no exterior possa regressar ao seu próprio país, não importa em que circunstância”, salientou o chefe do executivo angolano.
Sobre o seu antecessor na presidência, Lourenço afirmou que “Angola acaba de perder um grande filho (…) que dedicou toda a sua juventude, toda a sua vida para o bem de Angola e dos angolanos”.
O chefe de Estado deixou ainda um apelo: “Para que encaremos este momento com a maior serenidade possível e que o povo siga, pela comunicação social, o programa das exéquias até que consigamos realizar o funeral de Estado a que ele tem direito e que é nossa obrigação enquanto executivo organizar”.
Dirigindo-se à família, afirmou que “não sofrem sozinhos”.
“Estamos solidários neste momento difícil”, sublinhou João Lourenço, dizendo que “a dor que a família sente todo o angolano sente”.
José Eduardo dos Santos morreu hoje aos 79 anos numa clínica em Barcelona, Espanha, após semanas de internamento, anunciou a presidência angolana, que decretou cindo dias de luto nacional.
José Eduardo dos Santos sucedeu a Agostinho Neto como Presidente de Angola em 1979 e deixou o cargo em 2017, cumprindo uma das mais longas presidências no mundo, marcada por acusações de corrupção e nepotismo.
Em 2017, renunciou a recandidatar-se e o atual Presidente, João Lourenço, sucedeu-lhe no cargo, tendo sido eleito também pelo Movimento Popular de Libertação de Angola, que governa no país desde a independência de Portugal, em 1975.