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Organização ambientalista EcoAngola espera que Plano Nacional de Banimento dos Plásticos não seja “mais uma intenção”

A Organização ambientalista EcoAngola disse hoje que a elaboração do Plano Nacional de Banimento dos Plásticos pode demonstrar interesse na resolução do problema, mas receia que “se torne apenas mais uma intenção”.

Em causa está o grupo de trabalho, criado pelo Presidente angolano, para elaborar um Plano Nacional de Banimento dos Plásticos para “fazer face à degradação ambiental” e regular o modo de produção e utilização destes produtos.

Num documento da EcoAngola sobre a criação do plano, a que a Lusa teve acesso, a organização ambientalista realça que há mais de três anos tem estado ativamente a advogar no sentido da regulação da produção, utilização e descarte de plásticos de uso único.

Segundo a EcoAngola, os impactos são visíveis em todo o país, e são ainda mais incidentes na saúde dos angolanos e da biodiversidade de Angola.

“A criação desta comissão pode demonstrar interesse na resolução deste desafio, entretanto, a preocupação da sociedade civil é que esta se torne apenas mais uma intenção, conforme muitas outras já foram vocalizadas anteriormente sem resultados atingidos”, refere o documento.

Para a EcoAngola, o que é necessário fazer para que esta intenção demonstre mais credibilidade é envolver as organizações da sociedade civil que já têm advogado para esta ação.

O grupo de trabalho multidisciplinar criado pelo chefe de Estado angolano será coordenado pelo ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República e integra responsáveis das pastas do Ambiente, Economia e Planeamento, Administração do Território, Educação e Telecomunicações, Tecnologias de Informação e Comunicação Social.

Fazem parte também deste grupo, representantes de associações empresariais e da classe académica, dos órgãos de apoio à vice-presidência da República, e a ambientalista Fernanda Renée Samuel.

A EcoAngola realça na sua posição que, em 2020, recebeu um financiamento da União Europeia e desenvolveu o projeto “Angola sem Plástico”, com o objetivo de fazer um levantamento sobre a quantidade de resíduos plásticos não tratados e que acabam por poluir o país.

“Os resultados são gritantes, e com isso foram criadas estratégicas que incluíam particularmente as instituições privadas e a academia, mas infelizmente a falta de incentivos do Estado não permitiu que mais se alcançasse”, sublinha o documento.

Contudo, a organização ambientalista manifesta-se aberta a colaborar, partilhar dados dos estudos já feitos e das estratégias já criadas, e contribuir para que se alcancem resultados.

“Ao mesmo tempo, também está aberta a monitorizar o andamento de tais comissões, para que comecem a atingir resultados que possam ser resultados reais na nossa sociedade e para que se comecem a responsabilizar os órgãos que não cumprirem as metas e objetivos estabelecidos. Caso contrário, continuaremos sem resultados e Angola ficará cada vez mais poluída”, concluiu a EcoAngola.

Em declarações à Lusa, o presidente da Associação Industrial de Angola (AIA) defendeu, por seu lado, o início da cobrança de impostos aos plásticos, como forma de se encontrar recursos para financiar a economia angolana, particularmente, a agricultura.

José Severino frisou que a AIA apresentou uma proposta para a criação de 450 mil postos de trabalho no interior do país e, desse modo, criar riqueza, combater assimetrias e aumentar as exportações, destacando que para atingir esta meta são necessários recursos.

“Para isso é preciso recursos”, salientou, apontando duas fontes possíveis de financiamento: “Correção dos preços dos combustíveis e os impostos sobre os plásticos, que é de facto um problema”.

João Lourenço aponta no despacho de fundamentação os “preocupantes índices de poluição decorrentes da utilização dos plásticos em geral, cujo modo de produção e utilização não encontra regulação na legislação interna” e sublinha que Angola é um Estado costeiro.

Destaca, por outro lado, a necessidade de cumprir os compromissos internacionais do Estado angolano que incidem sobre a proteção ambiental, consolidados nos objetivos do Desenvolvimento Sustentável da Organização das Nações Unidas.

O grupo de trabalho terá, entre outras atribuições, a de realizar um diagnóstico nacional para “aferição do estado de poluição ambiental” do país, fazer um levantamento das unidades de produção, circuito de importações e níveis de consumo de plástico, sensibilizar a sociedade e elaborar o plano e respetivo cronograma.

 

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