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Polícia Nacional de Angola (PNA) reprime “marcha” do Movimento dos Estudantes Angolano (MEA) que pedia o “regresso” às aulas no Ensino Superior

A Polícia Nacional de Angola (PN) reprimiu neste sábado, 22, a marcha organizada pelo Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA), em Luanda, que pretendia pedir uma solução ao diferendo entre o Governo e o Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Superior (SINPES) que está na origem da greve por tempo indeterminado dos docentes em curso desde 27 de Fevereiro.

No sábado passado, a PN já tinha reprimido a primeira de uma série de marchas que o Movimento dos Estudantes Angolanos (MEA) programou para exigir o regresso às aulas.

Cinco estudantes foram detidos e um ficou ferido, disse à FMFWorld.Org o presidente do Movimento dos Estudantes Angolano (MEA).

“O Governo provincial voltou a impedir a realização da nossa marcha, nós cumprimos todos os procedimentos legais, escrevemos na segunda-feira, informamos as autoridades, mas infelizmente chegamos hoje no Largo, a polícia barrou tudo porque o Governo provincial proibiu”, afirmou Francisco Teixeira, acrescentando que, “mais uma vez, vamos escrever para o ministro, vamos escrever para os direitos humanos para informar o que se está a passar”.

Teixeira reforçou que, com mais esta acção, “as liberdades estão cada vez mais reprimidas, informar as autoridades não serve para nada”.

Os estudantes que se deslocaram ao local com a intenção de participar na marcha manifestaram a sua revolta.

Flora Félix aponta o dedo ao Presidente da República.

“Não pudemos manifestar porque o Chefe de Estado mandou a polícia do MPLA que nos está a reprimir, estamos a lutar por um direito que é nosso, o país não se faz assim, somos filhos de camponeses e queremos estudar, se não estudarmos aqui temos de ir para o exterior, queremos aqui, não queremos continuar analfabetos, queremos ajudar o nosso país a crescer, sem educação não ajudamos o país a crescer”, lamentou a estudante que descreveu as ameaças da polícia.

“Eles (polícias) nos disseram que se não saíssemos do local, iam nos encurralar, depois iam nos bater, nos aleijar e íamos parar ao hospital”, concluiu Félix.

O MEA anunciou uma série de marchas para exigir uma solução greve no Ensino Superior que pode colocar em causa este ano lectivo.

Os professores exigem o cumprimento do memorando de entendimento assinado em Novembro de 2021 entre o Governo e o Sindicato Nacional dos Professores do Ensino Superio (SINPES), que prevê, por exemplo, um salário equivalente a 2.000 dólares para o professor assistente estagiário e de 5.000 dólares para o professor catedrático.

Os docentes também reclamam pela conclusão do pagamento da dívida para com cerca de três mil funcionários do ensino superior, entre docentes e administrativos, que até 2018 estava avaliada em 2,3 mil miliões de kwanzas (3,5 milhões de dólares).

O Ministério do Ensino Superior refere que o memorando de entendimento “estabeleceu prazos para se concluir as acções que estavam em curso” e observa que a declaração da greve do SINPES “prejudica a concretização do calendário académico”.

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