O novo presidente do Conselho Islâmico de Angola (CONSIA) quer unir os muçulmanos em Angola e ver o Islão reconhecido como religião para poder erguer obras como escolas, hospitais e orfanatos, para muçulmanos e não só.
O sheikh Altino da Conceição Miguel Umar, antigo coordenador da Comunidade Islâmica de Angola, disse à agência Lusa que a sua atuação à frente do Consia tem dois focos: “A reconciliação, unificação e união entre todos os muçulmanos em Angola” e “o reconhecimento do Islão” no país.
Apesar desta falta de reconhecimento, os muçulmanos têm uma pacífica convivência com a maioria cristã, que no passado foi pior, sendo mesmo parceiros do Estado angolano em algumas obras sociais.
Mas Altino Umar quer poder fazer mais, não só pelos muçulmanos — estimados em 800.000, entre angolanos e de outras nacionalidades — como por toda a população.
É que, apesar de a convivência entre os povos ser “boa” e de “paz”, as comunidades islâmicas deparam-se com algumas barreiras no dia a dia, fruto desta falta de reconhecimento por parte das autoridades angolanas.
E exemplificou com a dificuldade em encomendar certos produtos, ou em proporcionar a vinda de um imã para pregar aos muçulmanos angolanos, o que não é possível pois não existe a figura de visto de missionário.
Outros projetos que os islâmicos em Angola gostariam de erguer são uma escola, um hospital islâmico e um centro de órfãos, para já impossíveis dada a falta de personalidade jurídica.
Altino Umar dá o exemplo da sua própria família, na qual é o único muçulmano, para demonstrar como é tranquila a convivência entre muçulmanos e cristãos, estes últimos em maioria em Angola.
“Angola é um Estado laico, com a religião separada do Estado”, disse, referindo que neste país africano “não existe uma lei que privilegie esta ou aquela religião”.
E as atividades religiosas, como as preces ao longo do dia, e datas importantes para os muçulmanos, são facilmente respeitadas em Angola, segundo o novo presidente do Consia.
Para o sheik, uma das áreas em que os muçulmanos em Angola têm demonstrado trabalho é na construção de mesquitas, que são já mais de uma centena, nomeadamente nas províncias de Luanda e Lunda Norte.
Ainda assim, referiu que “a criação de mesquitas não é a prioridade máxima, mas sim de hospitais, escolas e instituições socais para o bem dos muçulmanos e não só”.
A propósito da pandemia de covid-19, enalteceu a caridade praticada pelos muçulmanos em prol de quem se tem revelado mais necessitado, nomeadamente na distribuição de bens e material de proteção.
“A caridade é uma atividade recomendada, senão mesmo obrigatória, no Islão”, declarou.