O Ministério da Justiça de Angola já havia pedido às autoridades dos Emirados e das Ilhas Maurícias para ajudá-lo a localizar os bens de Isabel dos Santos.
Segundo apurado, agora leva a cabo à caça ao tesouro até Singapura. O site África Intelligence revela que o pedido de assistência judiciaria, que chegou no mês passado, parece um caso de teste para o sistema jurídico de Singapura.
Tal como fez com os Emirados Árabes Unidos, adianta o site francês, Ilhas Maurícias e Mónaco, o Ministério da Justiça de Angola enviou à cidade-estado um pedido de ajuda jurídica para localizar os bens e contas bancárias de Isabel dos Santos, do seu marido Sindika Dokolo, falecido no ano passado, e do seu “testa de ferro”, o empresário francês de origem congolesa Konema Mwenenge.
No documento, o MINJUSDH afirma que a filha mais velha do ex-presidente José Eduardo dos Santos está a ser processada em Luanda, nomeadamente por desvio de dinheiro público. Isabel dos Santos, por sua vez, afirmou na semana passada em um processo judicial em Londres que o presidente angolano João Lourenço está a perseguir uma “agenda política e uma vingança pessoal” contra si, “usando os recursos do Estado angolano e do poder institucionalizado “.
A afirmação é baseada em gravações feitas pela empresa de investigação israelita Black Cub, que está intensificar os seus negócios em África.
Dado que Singapura, tal como as Maurícias e os Emirados, não são conhecidos pelo seu zelo na prestação de assistência jurídica, o pedido angolano coloca as suas autoridades locais numa posição delicada.
A Sonangol, é um importante cliente do sistema fiscal e jurídico de Singapura, que é favorecido por todos os comerciantes de petróleo.
A empresa estatal tem uma filial em Singapura há quase 20 anos que comercializa com países da Ásia, o maior importador de crude angolano.
O país, é apontado como reduto favorito dos chamados “marimbondos”.
Um sinal da importância do posto avançado da Sonangol Ásia foi o facto de ter sido inaugurado em 2004 por Elísio Ávila de Jesus Figueiredo. Figueiredo era o homem de confiança do ex-presidente, que o encarregou das relações de Angola com a França e de um dos principais parceiros comerciais do regime, o franco-angolano Pierre Falcone.
Seguindo o exemplo da Sonangol, todas as figuras-chave da era dos Santos domiciliavam os seus activos em Singapura. Foi nomeadamente o caso do General Leopoldino Fragoso do Nascimento, cuja empresa Cochan foi associada em Singapura a multinacional Trafigura através da joint-venture DT Group (desde então a Trafigura recomprou as acções do General.
Ao contrário de Isabel dos Santos, Dino fez um acordo com o regime angolano e devolveu uma parte significativa dos seus bens, o que lhe permitiu evitar ser alvo de processos judiciais no estrangeiro, apesar ter alguns em Angola, ainda que de dimensão muito inferior aos de Isabel dos Santos.