Um total de 16 empresas, na maioria angolanas, concorreram ao concurso internacional de licitação de nove blocos das bacias terrestres do Baixo Congo e Kwanza, com propostas que somam mais de mil milhões de dólares (856 milhões de euros)
Segundo o diretor de Negociações da concessionária Agência Nacional de Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANPG), promotora do concurso, o número de empresas concorrentes foi satisfatório, sobretudo pela participação maciça de empresas nacionais.
Entre estas destaca-se a petrolífera estatal Sonangol Pesquisa e Produção, com uma proposta para o Bloco KON 5, com uma participação de 20% como não operador e uma contribuição anual de 2,5 milhões de dólares (2,1 milhões de euros) para projetos sociais e o mesmo valor para projetos de proteção ambiental.
“Nós conseguimos medir que, efetivamente, a estratégia para esta licitação está-se a cumprir”, disse Hermenegildo Buila, igualmente presidente da mesa de júri, frisando que esta licitação foi preparada especificamente para permitir que pequenas e médias empresas entrem para o setor petrolífero angolano.
O responsável salientou que participaram 13 empresas nacionais, como operadoras e não operadoras, e de três empresas internacionais, entre as quais a MTI Energy, do Canadá, que apresentou propostas para oito blocos (CON5, CON6, KON5, KON6, KON8, KON9, KON18 e KON20, em todos como operadora, e participações de 50% e 60%, com contribuições anuais de dois milhões de dólares (1,6 milhões de euros) para projetos sociais e igual valor para projetos de proteção ambiental.
“A MTI Energy é uma empresa canadiana, com elevada capacidade técnica e financeira reconhecida internacionalmente, que manifestou interesse em participar nestas licitações, com propostas muito agressivas, esperamos que ela efetivamente entre para o setor petrolífero angolano, tornando-se futuramente um novo grande ‘player’ na exploração e produção angolano”, salientou.
Questionado sobre a ausência no concurso de grandes operadoras já instaladas no mercado petrolífero angolano, nomeadamente ENI, Total, BP, Hermenegildo Buila considerou “normal, tendo em conta que a licitação foi preparada especificamente, sem restrições, para pequenas e médias empresas.
“A ENI, Total e BP são empresas que estão focadas num outro horizonte, no ‘offshore’ para blocos marítimos e a dimensão destes blocos não perfaz a dimensão destas empresas, o que não quer dizer que estas empresas não possam participar no ‘onshore’ de Angola, por exemplo temos a ENI a operar em blocos terrestres”, frisou.
Sobre a participação da Sonangol, como não operadora, o responsável sublinhou que é uma estratégia da empresa, que tem participação em todas as concessões petrolíferas do país, concorrendo nessa qualidade “talvez para não incrementar as suas responsabilidades”.
A maior parte das concorrentes angolanas apresentaram propostas de participação como não operadoras, o que, segundo o diretor de Negociações da ANPG, não pode ser associada à falta de capacidade financeira.
“Para ser operador é preciso ter capacidade técnica para poder operar em determinada concessão, como sabemos temos empresas angolanas que já operam, como é o caso da Somoil, que concorre como operadora, mas as outras que concorreram estão presentes no mercado petrolífero, mas na vertente de bens e serviços”, explicou.
De acordo com Hermenegildo Buila, essas empresas associaram-se a outras empresas internacionais com capacidade técnica e financeira para trabalhar, pelo que no próximo concurso de licitações poderão participar mais empresas nacionais como novas operadoras.
O bloco petrolífero que recebeu o maior número de propostas foi o Bloco Congo 6, com nove propostas.
Os resultados deste concurso para os nove blocos, sendo três na Bacia terrestre do Baixo Congo (CON1, CON5 e CoN6) e seis na Bacia do Baixo Kwanza (KON5, KON6, KON8, KON9, KON17 e KON20), poderão ser apresentados nos próximos dois meses.
Na sua intervenção, a administradora da ANPG, Natacha Massano, sublinhou a importância do concurso, que constitui um “importante marco na história petrolífera angolana”, pela pretensão de querer promover o retorno da atividade maciça em terra, mas por marcar a entrada de muitos novos ‘players’.
“Regozijamo-nos pela participação das empresas nacionais, algumas delas já a operarem e bem estabelecidas no nosso mercado, como é o caso da Somoil, da Sonangol, e outras cuja experiência tem vindo a ser a nível da prestação de serviço, e hoje aventuram-se na atividade de exploração e produção com muita legitimidade”, frisou.