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Portugal: Autoridades angolanas preparam “xeque-mate” contra generais Kopelipa e Dino

Sanções aplicadas aos generais pelo Departamento do Tesouro norte-americano fazem apertar cerco em Luanda. Participações em empresas e bancos estão na mira das autoridades angolanas.

As autoridades angolanas preparam-se para abrir uma nova investigação judicial contra os generais Hélder Vieira Dias, “Kopelipa”, e Leopoldino Nascimento, “Dino”, antigos colaboradores diretos do ex-presidente angolano, José Eduardo dos Santos, na sequência das sanções aplicadas àquelas duas figuras pelo Departamento de Tesouro norte-americano. Com ligações ao Banco Económico, mas também à Unitel e, através deste veículo ao BFA – Banco Fomento Angola, Luanda vê-se agora forçada a precaver-se perante o alerta lançado por Washington.

“Os processos em tribunal vão ser agora acelerados e o que vem a seguir para os bolsos dos visados é um verdadeiro xeque-mate destinado a deixá-los KO”, disse ao Expresso fonte oficial do governo.

Com a nova investigação, serão submetidas à supervisão do Banco Nacional de Angola e da UIF – Unidade de Informação Financeira – todos os ativos ainda detidos em Angola por aqueles dois generais.

“Vão ter que ceder o que resta de participações que ainda detêm em alguns ativos”, revelou fonte da Procuradoria-Geral da República angolana. Sem prejuízo da nova investigação, deverão ser congeladas todas as contas bancárias abertas em nome dos dois generais ou com conexões com familiares.

“Muito provavelmente vamos solicitar a cooperação dos serviços especializados norte-americanos nesta área para nos ajudar a deter novas pistas dos negócios em que estiverem envolvidos”, adiantou fonte próxima dos serviços de inteligência angolana.

O OFAC – Ofifcie of Foreign Assets Control – colocou na sua “lista negra” para além dos generais Dino e Kopelipa, a esposa deste, mais cinco entidades coletivas.

O pacote de sanções americano visando os dois antigos homens fortes de José Eduardo dos Santos, é extensivo também às empresas Cocham AS, Cocham Holdings LLC, Geni SARL e Geni Novas Tecnologias AS, todas detidas pelo general Dino.

Já em relação ao general Kopelipa, a ordem executiva do departamento de tesouro poderá atingir também a sua participação no Banco BIG em Portugal onde detém 10% através da Wide Capital, GPS.

O general Dino foi o primeiro a renunciar à sua participação no Banco Económico e a deixar o cargo de vice-presidente da assembleia geral da Unitel. “Com esta decisão, prevaleceu o bom senso, mas estes dois passos não chegam para satisfazer as exigências norte-americanas e para deixar estes ativos a salvo de toxicidade”, disse ao Expresso fonte do Ministério angolano das Finanças.

Depois de ter cedido a sua participação na Unitel, que por sua vez detém 51% do BFA, o general Dino, de uma assentada, fica sem as suas principiais galinhas dos ovos de ouro. Com o general Kopelipa, terá de ceder ainda 10% do que resta das ações de ambos na Biocom.

Na Unitel, a participação do general Dino deverá ser absorvida pelos restantes acionistas – Vidatel, PT Ventures e Mercury da Sonangol – que, detendo cada 25%, gozam do direito de preferência.

“Novos acionistas de fora só serão admitidos se os atuais não estiverem interessados ou se por falta de capacidade financeira, não puderem exercer o direito de preferência que lhes é reconhecido pelos estatutos e pelo acordo parassocial da empresa”, disse ao Expresso fonte da Unitel.

BANCO ECONÓMICO E BCI COM SORTES DIFERENTES

Já no Banco Económico, para além de se encontrar falido, a presença da Geni na sua estrutura acionista, ao agravar a sua tóxica exposição, coloca as autoridades com pouca margem de manobra.

“A menos que o Estado confisque o banco e depois o venda, a liquidação é a única saída”, disse um especialista do BNA, que acompanha o processo de reestruturação naquela instituição.

Sorte diferente teve o BCI – Banco Comercial de Angola – que acaba de ser vendido em leilão por 28 milhões de dólares ao recém criado Grupo Carrinho a que estão associados novas figuras do regime.

“Dá a impressão que foram às compras na Black Friday e compraram um banco” – é com esta imagem que nalguns meios está a ser interpretada a compra de um ativo avaliado em 600 milhões de dólares.

Esta operação está a ser também objeto de muita contestação em vários círculos empresariais devido à fragilidade de uma empresa do ramo alimentar que ainda recentemente beneficiou de uma garantia do Estado para a importação de comida.

 

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