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Portugal: Banco Central Angolano (BNA) não descarta “regresso” de Álvaro Sobrinho ao Banco Económico

Possibilidade de Álvaro Sobrinho ‘regressar’ à estrutura accionista do Banco Económico tem agitado o sector bancário, considerando o histórico de falência do então Besa.

A pesar de estarem em cima da mesa “várias possibilidades” no processo de ‘salvação’ do Banco Económico, conforme as disposições da nova Lei das Instituições Financeiras, o Banco Nacional de Angola (BNA) continua a ter entre as opções a única que vinha sendo estudada que consistia na transformação dos 10 maiores depositantes em accionistas do banco.

“Temos um leque maior de opções que a nova lei traz, então estamos a fazer um ajustamento daquilo que trazíamos inicialmente como solução com tudo o resto que a lei neste momento permite no sentido de termos algo mais robusto. Estamos em uma fase adiantada do trabalho”, adiantou o governador do BNA ao Valor Económico, à margem da conferência de imprensa do Comité de Política Monetária José Massano nega-se, no entanto, a descartar a hipótese de transformação dos maiores depositantes em accionistas, face ao alargamento das opções com a nova lei. “Não podemos pôr assim a situação, estamos a avaliar, temos um leque maior de opções, estamos a ver até que ponto este leque maior, de modo combinado, possa dar maior robustez na solução definitiva do banco”, argumentou.

Apesar de nunca ter sido confirmada oficialmente pelo BNA, a solução dos depositantes, segundo fontes bancárias, tem sido encarada com reservas no sector, por razões reputacionais, face, entre outros factores, ao provável regresso do banqueiro Álvaro Sobrinho na estrutura do banco que nasceu do extinto Besa.

Álvaro Sobrinho esteve ligado ao Besa desde o início até ao seu desaparecimento, enquanto accionista e gestor máximo, sendo a sua gestão apontada como a principal responsável pelo colapso do banco que deu origem ao Banco Económico.

José de Lima Massano recusou-se, no entanto, a comentar a possibilidade de Álvaro Sobrinho entrar na estrutura do Banco Economico por via da única solução que esteve sobre a mesa até há pouco tempo. “Não vamos entrar naturalmente no nome de A, B ou C. Temos uma solução que está a ser equacionada com várias nuances, com o enquadramento na nova lei”, respondeu ao Valor Económico.

Em causa está a necessidade de recapitalização do banco com valores que oscilam entre os 300 e 500 mil milhões de kwanzas, numa altura em que se afasta a hipótese de injecção de dinheiro público no banco, depois de o Estado já o ter feito em 2014, na primeira passagem de José de Lima Massano como governa-dor do BNA.

As razões das reservas sobre Álvaro Sobrinho

A origem dos fundos dos accionistas bem como a idoneidade destes são dois dos principais pressupostos na avaliação e aprovação dos accionistas bancários. E Álvaro Sobrinho tem o nome citado em diversos escândalos financeiros e, consequentemente, processos judiciais. Aliás, terá sido a demora na avaliação sobre a sua idoneidade por parte do Banco Nacional de Angola que levou o banqueiro a renunciar, em 2019, à presidência do conselho de administração do Banco Valor. Na ocasião, em declarações públicas, o empresário manifestou-se descontente pela demora do BNA na avaliação que decorreria, segundo ele, desde Novembro de 2018. Álvaro Sobrinho chegou mesmo a acusar o governo do Banco Central de agir em dualidade de critérios, já que, antes, havia autorizado o banqueiro a adquirir as participações de outros sócios para se tornar accionista maioritário do banco com 56,5%, comprando as participações do irmão, Emanuel Madaleno, e do antigo vice-governador do BNA, Rui Minguêns.

Citado por diversas fontes como beneficiário de parte dos créditos cedidos pelo então Besa e cujos beneficiários ‘desapareceram’, Álvaro Sobrinho tem o nome associado a outros escândalos como, por exemplo, nas Ilhas Maurícias onde foi interrogado em 2018 sob acusação de crimes de corrupção e branqueamento de capitais.

Em relação ao caso Besa, sempre que tem oportunidade considera-se inocente. Em 2018, porém, perdeu um processo de difamação interposto em Londres contra o jornal português ‘Expresso’ por uma publicação deste órgão português de 2014, dando conta que o empresário tinha sido um dos beneficiários dos créditos do Besa.

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