A economia angolana afundou 5,1% em 2020, de acordo com as declarações do Ministro da Economia e Planeamento, Sérgio Santos, depois da segunda reunião ordinária da Comissão Económica do Conselho de Ministros, que serviu para aprovar o relatório de balanço anual do PDN 2018- 2022.
“O Produto Interno Bruto (PIB) reduziu em 5,1%, o sector petrolífero 8,3 e o não petrolífero 3,6. Apesar disso, alguns sectores, como o da Agricultura, mostraram-se resilientes, experimentando um crescimento de 5,6%”, garantiu Sérgio Santos citado pelo Jornal de Angola.
“O balanço mostra que, apesar da dupla crise profunda em que o País se encontra mergulhado, provocado pela pandemia da COVID-19 e a redução do preço do barril de petróleo – maior produto de exportação do País – a economia nacional continua a apresentar sinais de resiliência, não obstante ter apresentado uma contracção muito grande”, justificou o ministro.
A recessão de 2020, a quinta em cinco anos e a mais severa desde a independência, foi muito pior do que o previsto. Quando o orçamento de 2020 (OGE) foi apresentado pela primeira vez, o Governo previa uma saída da recessão com crescimento de 1,5%, com o sector petrolífero avançando 1,9% e o sector não petrolífero 1,9%. Com a pandemia, o governo foi forçado a rever o OGE 2020 e também as projecções que passaram a apontar para uma queda de 3,6% do PIB com o sector petrolífero a cair 7% e o sector não petrolífero a recuar 1,2%.
Já as instituições de Bretton Woods, nomeadamente, Banco Mundial (BM) e Fundo Monetário Internacional (FMI) previam uma queda de 4%.
A queda de 5,1% anunciada pelo ministro está em linha com a previsão do Banco de Fomento Angola (BFA). Numa nota informativa sobre a terceira revisão do FMI, o gabinete de estudos económicos do banco previu que a economia angolana registasse uma recessão “superior a 5%”.
Antes da COVID-19, a economia angolana já enfrentava uma situação muito complicada caracterizada por uma queda persistente do preço do petróleo, iniciada em 2014, e acompanhada, a partir de 2016, pela queda da produção. A COVID-19 não apenas piorou a situação no sector de petróleo, mas também contaminou o sector não petrolífero com seus sucessivos bloqueios. Tudo isso num contexto em que o País se viu obrigado a cortar gastos e aumentar impostos no âmbito do programa do FMI aprovado em Dezembro de 2019.
Previsões para 2021
Para este ano, o Governo prevê uma estagnação da economia, enquanto o BM e o FMI anteveem recuperações de 0,9% e 0,4%, respectivamente.
Quanto às agências de notação financeira, a Moody’s prevê um crescimento de 2,5%, enquanto a Fitch Solutions aponta para 1,7%. “Esperamos um aumento nas exportações petrolíferas, que vão tirar Angola da recessão de cinco anos em 2021, contribuindo para um crescimento moderado do PIB”, justificam os especialistas da Ficth.
Com uma previsão de crescimento de 3%, o BFA é bem mais optimista. “O cenário macro-económico do Governo espera um recuo de 6,2% da economia petrolífera em 2021, enquanto o BFA antecipa um decréscimo ligeiramente menos acentuado de 5,3%. Em sentido contrário, do lado da economia não-petrolífera, o governo prevê um crescimento de 2,1%; a nossa premissa é mais optimista, prevendo uma expansão de 6,8%”, justificam os técnicos do BFA.