As autoridades angolanas vão realojar em Kaxicane, município de Icolo e Bengo, as mais de 500 famílias da comunidade da Areia Branca, que se encontram ao relento depois de um incêndio, em Luanda, informou hoje fonte governamental
Segundo o porta-voz da Comissão Administrativa de Luanda, Francisco Alexandre, as autoridades identificaram naquela zona, a cerca de 60 quilómetros de Luanda, um terreno já com energia e água, para distribuir às famílias para construção autodirigida.
Francisco Alexandre disse à Lusa que logo depois do incidente deslocou-se ao local a presidente da Comissão Administrativa de Luanda, Maria Antónia Nelumba, para constatar a situação e de imediato tomar as medidas que se impunham.
“Efetivamente a situação é difícil, é complicada. A primeira coisa que a comissão administrativa fez foi fazer o levantamento das pessoas e famílias afetadas. Logo no primeiro dia tratamos de levar refeições para a população que lá está sem os seus haveres”, realçou.
O porta-voz da comissão administrativa disse que as pessoas serão realojadas definitivamente em Kaxicane, na zona de Catete, município de Icolo e Bengo, estando a proceder-se por esta altura à limpeza do local.
“Há água, há energia, mas como aquilo ficou muito tempo sem ocupação, as máquinas estão a fazer a limpeza e cada família vai receber um lote para autoconstrução dirigida. É a solução encontrada, porque não há casas [disponíveis], para aquele número de famílias”, referiu.
O responsável sublinhou a importância deste realojamento, admitindo que as condições em que as pessoas habitavam não eram as melhores.
“A solução que se encontrou é esta, tirar as pessoas daquele local, porque, convenhamos, as condições em que viviam eram sub-humanas. Agora cada um vai ter a sua parcela de terreno e o governo vai ajudar na autoconstrução dirigida”, frisou.
Enquanto a população não é deslocada para Kaxicane, prosseguiu Francisco Alexandre, foi hoje montada uma cozinha comunitária na zona da Areia Branca, para permitir que as pessoas possam fazer as suas refeições, porque muitos perderam todos os seus haveres.
“Já não tinham quase nada e com essa situação o quadro deles agravou-se sobremaneira, há cozinhas comunitárias, há vários apoios que começam a chegar, compareceu hoje a Cruz Vermelha, algumas instituições de caridade estão a dar mantimentos e a nível institucional, o apoio que estamos a dar são as refeições diárias, o almoço e o jantar, e este apoio que é mais substancial, um lote a cada família para a construção”, acrescentou.
Sobre a data prevista para a transferência das famílias, Francisco Alexandre preferiu não avançar com qualquer, garantido que “estão a ser feitos esforços para retirar a população o mais rapidamente possível [do local]”.
Um incêndio, em 28 de julho, provocado por um morador em estado de embriaguez, que ao adormecer com uma vela acesa pegou fogo à sua casa, consumiu um total 150 habitações de chapas aglomeradas no meio de duas valas de drenagem, na comunidade da Areia Branca, no distrito da Samba, em Luanda, capital de Angola.
A SOS Habitat – Ação Solidária, organização não-governamental angolana de defesa dos direitos humanos, condenou hoje “a situação degradante” e a morosidade das autoridades em atenderem estas mais de 500 famílias, depois do incêndio, posição que foi refutada pelo porta-voz da Comissão Administrativa de Luanda.