O Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE) de Portugal afirmou que vai tentar “compreender a suspensão por parte de Angola, de vôos regulares com Portugal e não com outros países europeus”, uma medida anunciada hoje em Luanda.
“Tentaremos compreender, tão cedo quanto possível, porque são suspensos os voos regulares com Portugal e não com outros países europeus”, disse à Lusa fonte do gabinete do Ministério dos Negócios Estrangeiros.
Durante o dia de hoje, o ministro dos Negócios Estrangeiros português, Augusto Santos Silva, tinha considerado “absurda” e “sem lógica” a suspensão, pelo Reino Unido, dos voos com Portugal.
“Na nossa opinião não tem lógica. Em primeiro lugar é uma medida súbita e inesperada e isso é um primeiro elemento de surpresa negativa. Em segundo lugar, é uma medida que atinge fortemente pessoas que não foram devidamente avisadas para ela. Foi anunciada às 17:00 de um dia para entrar em vigor às 04:00 do dia seguinte”, afirmou o chefe da diplomacia portuguesa.
“É também uma medida absurda, cujos fundamentos não conhecemos. Suspender voos a partir de Portugal tendo como argumento as ligações entre Portugal e o Brasil é, com todo o respeito, completamente absurdo”, acrescentou, adiantando ter já pedido ao homólogo britânico uma conversa “para entender os fundamentos” da decisão.
O ministro de Estado e chefe da Casa Civil do Presidente da República de Angola, Adão de Almeida, anunciou hoje que o país vai suspender as ligações aéreas com Portugal, Brasil e África do Sul, a partir das 00:00 do dia 24 de janeiro.
A suspensão temporária dos voos por Angola decorre da necessidade de controlar a propagação da pandemia de covid-19, em particular das novas estirpes do vírus SARS-CoV-2, causador da doença.
“A dinâmica de voos regulares vai sofrer alterações”, afirmou o ministro angolano, salientando que a medida começa a vigorar a partir das 00:00 de 24 de janeiro de 2021.
“Vamos ter um período de pouco mais de uma semana onde o objetivo é permitir que o máximo possível de cidadãos angolanos e estrangeiros que se encontram nesses países possam regressar”, sublinhou.
Adão de Almeida salientou que outras ligações aéreas continuarão a funcionar sem quaisquer alterações, acrescentando que a diferença é que, “mesmo para essas ligações, passa a ser obrigatório o teste pós-desembarque”.
As outras companhias aéreas com quem Luanda atualmente faz ligações (Emirates e Qatar Airways, Air France e Lufthansa) mantêm as suas frequências e voos regulares.
Embora não haja necessidade de autorização para entrar no país, os passageiros são obrigados a preencher um formulário de registo de viagem, acrescentou o governante angolano.
A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.979.596 mortos resultantes de mais de 92,3 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
Angola totaliza 18.613 casos, dos quais 2.180 doentes estão em tratamento, e 425 mortos.
De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o número de infetados no continente é de 3.142.781 e o de recuperados nos 55 Estados-membros da organização nas últimas 24 horas foi de 24.073, para um total de 2.562.961 desde o início da pandemia.
Em Portugal, morreram 8.384 pessoas dos 517.806 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.