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Portugal: Presidente angolano João Lourenço diz que “obras para minimizar” seca no Cunene avançam em outubro

O Presidente angolano disse hoje que os constrangimentos para a construção de infraestruturas hidráulicas para minimizar o problema da seca, que afeta atualmente meio milhão de pessoas no Cunene, estão ultrapassados, devendo as obras avançar em outubro

João Lourenço anunciou o avanço dos quatro projetos, dos quais apenas um foi iniciado, após uma reunião com o governo do Cunene, província do sul de Angola fortemente assolado pela seca, onde foi apresentada a difícil situação social e económica da região.

O chefe do executivo angolano, que iniciou hoje a segunda visita do seu mandato àquela província sublinhou que, apesar das deficiências em áreas como a saúde ou a educação, o pior dos problemas é a seca que, de forma cíclica, afeta a província e, de forma geral, o sul de Angola (províncias do Cuando Cubango, Cunene, Namibe e Huíla).

O Presidente realçou que a seca afeta pessoas e animais, que enfrentam risco de vida, mas a solução não passa por transportar água em bidons ou alimentos em camiões, pois nunca será suficiente.

“O importante é garantir a existência de água todo o ano”, vincou, assinalando que após a visita de há dois anos o executivo concebeu três projetos estruturantes, dos quais apenas um (Cafu) avançou, devido à falta de recursos financeiros, agora ultrapassada.

Segundo João Lourenço, a construção de outros dois projetos (barragem e canal de Calacuve e de Ndué) vai arrancar no quarto trimestre deste ano.

“A partir de outubro garantimos que as máquinas vão estar no terreno para dar início a esses dois projetos”, frisou.

No mesmo período terá também início a recuperação de diques e açudes na região do Curoca, estando prevista a reabilitação de represas e obras de transferências hidráulicas para o próximo ano.

Com os projetos em curso, João Lourenço acredita que o “sofrimento” de populações e dos animais e o quadro “bastante negativo” vai mudar de forma radical a partir de 2023.

A governadora do Cunene, Gerdina Didalelwa, fez um balanço dos efeitos da seca que afeta atualmente 514.800 pessoas e se traduziu, este ano, num “fenómeno de muita movimentação que nunca aconteceu” anteriormente.

Normalmente, segundo a governadora, as pessoas são assistidas nas suas residências, mas encontram-se agora cerca de 4.000 deslocados em centros espalhados por todos os municípios da província

Além disso, mais de 2.000 pessoas refugiaram-se na vizinha Namíbia, na maioria crianças entre os 5 e 10 anos

Até agora foram beneficiadas 83.416 pessoas, com apoios recebidos da administração central (615 toneladas de produtos diversos sobretudo bens alimentares), do governo provincial (326 toneladas de alimentos) e dos parceiros sociais (196 toneladas de bens diversos).

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