O administrador financeiro de Isabel dos Santos na Sonangol, e um dos arguidos portugueses nas investigações conhecidas por Luanda Leaks, Sarju Raikundalia, colocou uma ação em tribunal para reclamar salários a uma empresa portuguesa detida e presidida pela investidora angolana.
Avança o Expresso que, é mais um caso de reclamação de créditos junto das sociedades que a filha de José Eduardo dos Santos tem em Portugal e que estão em liquidação desde o ano passado.
No final da semana passada, deu entrada uma ação judicial colocada por Sarju Chandulal Raikundalia contra a Santoro-Finance – Prestação de Serviços, sociedade que era presidida por Isabel dos Santos e que está atualmente em liquidação. O montante reclamado é de cerca de 77 mil euros.
“Confirmo que instaurei ação judicial, junto do Tribunal do Trabalho de Lisboa, para reclamação de créditos laborais de que sou titular, por força de relação laboral com a Santoro Finance”, respondeu Sarju Raikundalia ao Expresso, adiantando não querer prestar mais esclarecimentos sobre o assunto, nomeadamente sobre que relação laboral era essa.
Raikundalia foi administrador com o pelouro financeiro da petrolífera Sonangol entre 2016 e 2017 aquando da presidência de Isabel dos Santos.
Segundo as investigações do Luanda Leaks, é suspeito de ter ordenado uma transferência de 38,1 milhões de dólares, já quando Isabel dos Santos tinha sido destituída, para a Mater Business Solutions, de Paula Oliveira e Jorge Brito Pereira, amiga e o advogado de Isabel dos Santos.
Os quatro, juntamente com Mário Leite da Silva, são arguidos nas investigações abertas em Angola, que também tiveram seguimento em Portugal.
De acordo com os dados do portal Citius, esta é a quinta ação judicial colocada, desde dezembro de 2020, contra a Santoro Finance, três delas no tribunal do trabalho, onde são reclamados créditos laborais. A Santoro Finance entrou em liquidação em maio do ano passado, segundo o portal de justiça, meses após a eclosão do Luanda Leaks.
A Fidequity – Serviços de Gestão, outra sociedade de Isabel dos Santos em Portugal, também entrou na primavera do ano passado em liquidação, e já recebeu este ano quatro ações no juízo do trabalho de Lisboa. Um deles, como o Expresso noticiou, foi de Mário Leite da Silva, o gestor que representava Isabel dos Santos em grande parte dos investimentos no país.
Ao todo, os processos colocados no tribunal do Trabalho visando as duas sociedades – cujos escritórios foram encerrados – ascendem a 340 mil euros.
Sarju Raikundalia, que antes de ser administrador da Sonangol era partner da auditora PwC, saiu de Angola após as investigações, mas recusa ter abandonado o país. Saiu, justificou, devido às “constantes e fortes ameaças” que dizia receber, e mostrou disponibilidade para colaborar com as investigações desde que a proteção fosse assegurada.