Esta notícia é catastrófica e dá o sinal errado aos mercados. Quando Angola necessita de investimento e capital externo, vem-se dizer que, por agora não, talvez mais tarde. Além disso, contradiz o que Sebastião Martins, CEO da Sonangol, tinha afirmado recentemente. Martins fora claro quando, em entrevista ao Diário de Notícias de Portugal, em Janeiro último, afirmara que o plano de reestruturação para a Sonangol cumpriria os objectivos e já se encontrava numa fase de optimização da estrutura. O CEO da Sonangol apresentava uma perspectiva bastante avançada da reestruturação da Sonangol, fazendo prever que, havendo as condições adequadas de mercado, a companhia estava pronta para a sua privatização parcial.
Agora, o ministro Júnior vem atrasar tudo e remeter a privatização parcial da Sonangol para um prazo incerto, dependente de um plano de reestruturação que se julgava em finalização. Não se entende o que se passa.
Sublinhe-se que o que defendemos não é a privatização total, nem maioritária, da Sonangol. É apenas a privatização de 30%, numa experiência-piloto em que o Estado não perderia o controlo. Na verdade, esta privatização parcial faz parte de um plano de reestruturação sustentado da Sonangol. Sem privatização parcial não há reestruturação. A privatização parcial da Sonangol é o que permite a entrada de capital fresco e investidores internacionais que trariam, além de dinheiro, conhecimento e contactos que alavancariam a posição da Sonangol no mercado mundial. Nos tempos turbulentos que se vivem, as empresas têm de se modernizar e investir. Para isso precisam de uma gestão competente e de obter fundos. Esse tem de ser o destino da Sonangol, e não manter-se como coutada de uns poucos. Não adianta a João Lourenço substituir Isabel dos Santos por outra pessoa qualquer se sua confiança, que tenha como objectivo continuar a ordenhar a empresa até a esgotar, como foi feito ao longo dos anos santistas. Qualquer mudança deve ser integrada num plano mais vasto de modernização, eficiência e abertura da empresa.
Com estas declarações, o ministro Júnior entristeceu todos aqueles que esperavam que o ímpeto reformista na Sonangol se consubstanciasse numa gestão competitiva e eficiente. Só abrindo as “janelas” da Sonangol será possível estruturar a companhia, abandonar os vícios e compadrios do passado. É por isso que é urgente privatizar a Sonangol, desde que – sublinhe-se – as condições de mercado sejam propícias.
Para concluir, não se percebe porque é que o ministro faz estas declarações perante a comitiva espanhola, sabendo que esta vem à procura de novos mercados e oportunidades de investimento. Lógico seria ter convidado os espanhóis a investir, e não fazer declarações de adiamentos.
“Por todo esto, son malas noticias.”