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Preços da “cesta básica” em Angola diminuíram devido à Reserva Estratégica Alimentar (REA)

A Reserva Estratégica Alimentar (REA) angolana contribui, “de modo direto e assinalável”, para a “redução e estabilização” dos preços dos produtos da cesta básica em Angola, apesar de este fenómeno “não ser ainda muito sentido” pelos angolanos, segundo um estudo.

O estudo da Afrosondagem sobre o impacto da Reserva Estratégica Alimentar (REA) no comportamento dos produtos da cesta básica em Angola, elaborado entre março de 2022 e março de 2023, indica qe os preços “reduziram significativamente” desde a sua implementação em 22 de dezembro de 2021.

Os preços no comércio a grosso caíram 29% e no comércio a retalho registaram também uma queda de 31%, “representando um ganho significativo para o orçamento das famílias”.

Arroz, milho, soja, açúcar e frango são alguns dos produtos que compõem a Reserva Estratégica Alimentar (REA), cuja operacionalização, a cargo do grupo privado Carrinho, teve início em 22 de dezembro de 2021, uma iniciativa do Governo angolano com vista a baixar os preços dos produtos alimentares essenciais.

O estudo encomendado pelo Entreposto Aduaneiro de Angola, entidade que coordena a REA, refere que a “elevada descida” dos preços dos produtos alimentares da cesta básica em Angola “dá-se em contraciclo com um grande aumento dos níveis de inflação e dos preços destes produtos, a nível mundial”.

“Desde que a REA foi lançada, verifica-se também um condicionamento positivo dos operadores do mercado, que resulta num comportamento mais estável, tanto na oferta de produtos, como na manutenção dos preços”, lê-se no documento.

A pesquisa contemplou um inquérito a empresas angolanas, realizado entre 05 e 08 de abril de 2022 nas províncias de Luanda, Benguela, Huíla, Huambo, Cabinda e Lunda Norte, numa amostragem de 209 entrevistas.

Um inquérito às famílias angolanas foi também realizado, no âmbito do estudo, entre 04 e 07 de abril nas mesmas províncias, totalizando 825 entrevistas.

Assinala também que os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) angolano mostram uma “quebra acentuada” na variação mensal do Índice de Preços ao Consumidor (IPC) dos alimentos e bebidas não alcoólicas na formação do IPC, tendo passado de 1,74% em março de 2022 para 0,79% em março de 2023.

“O que representa uma quebra superior a 50%”, sublinha a pesquisa, referindo, no entanto, que a redução dos preços “não é, ainda assim, muito sentida pelos angolanos”.

Quanto à reação dos angolanos, quando questionados sobre quanto pagaram efetivamente por determinados produtos em novembro de 2021 e atualmente, observa o estudo, “todos reconhecem que os preços diminuíram”.

Mas a perceção que têm, argumenta a pesquisa, “é que os preços não diminuíram porque não o sentem nos seus bolsos, afirmando que, provavelmente, os preços dos restantes bens e produtos não diminuíram”.

“E porque os salários não aumentam, têm cada vez mais dificuldades em comprar a mesma quantidade de produtos”, salienta.

Os empresários “parecem estar mais satisfeitos” que as famílias angolanas no que se refere ao conhecimento e intervenção da Reserva Estratégica Alimentar (REA).

De acordo com o estudo, os resultados do inquérito às famílias angolanas mostram que 70% dos angolanos, fazem compras nos mercados informais, e 9% faz compras nas cantinas.

Os dados mostram também que uma percentagem significativa de angolanos “faz compras em sistema de ‘sócia’, ou seja, associam-se a outros compradores, para beneficiar dos preços unitários mais baixos praticados pelos armazéns”.

“Habitualmente, os angolanos pagaram, em média, nos últimos 12 meses, 9.735 kwanzas [17,5 euros] por uma caixa de 10 quilogramas de frango, quando, em dezembro de 2021, pagavam 10.357 kwanzas [18,6 euros]: isto representa uma redução/poupança de 12% nos preços, quando comparado com o natal de 2021”, refere-se ainda no estudo.

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