O Enviado do Presidente angolano e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), João Lourenço, destacou hoje o “espírito positivo de todos os atores políticos” em São Tomé, um dia após a divulgação oficial dos resultados das legislativas.
“O Presidente João Manuel Gonçalves Lourenço, presidente da CPLP, mandou-me aqui a São Tomé para conversar com as autoridades locais, também com outros autores da sociedade de São Tomé e Príncipe, neste momento histórico em que o país acaba de passar por um processo eleitoral”, disse o ministro das Relações Exteriores de Angola, Teté António, após um encontro com o Presidente são-tomense, Carlos Vila Nova.
Téte António realçou que “a CPLP tem estado a acompanhar” o processo eleitoral em São Tomé e Príncipe, tendo enviado “um grupo de observadores” que deu nota positiva ao processo eleitoral do passado 25 de setembro.
O governante angolano referiu que a sua missão a São Tomé “é apenas uma continuação deste trabalho [da missão de observação eleitoral] no âmbito da diplomacia preventiva” para o “acompanhamento desse país irmão, desse país que é um membro bastante importante” para a “família da CPLP”.
Na segunda-feira, o Tribunal Constitucional são-tomense proclamou os resultados oficiais e definitivos das eleições legislativas, num clima de tensão política e social que levou o secretário-geral das Nações Unidas a enviar o seu representante especial para a África Central, Abdou Abarry, para uma missão de acompanhamento, que termina hoje, junto das autoridades são-tomenses.
Téte António chegou a São Tomé na segunda-feira, horas depois da proclamação oficial dos resultados definitivos, e destacou que neste momento “o mais importante é o espírito positivo de todos os atores políticos” do arquipélago.
“Penso que o denominador comum deve sempre ser a preservação da harmonia nacional e esse espírito reina, incluindo ao mais alto nível, que é o mais importante para São Tomé e Príncipe primeiro, mas também para a nossa comunidade. A nossa comunidade só sai a ganhar com notícias boas que vêm de todo o sítio onde se decorrerem processos eleitorais”, afirmou o chefe da diplomacia angolana.
Questionado sobre se Angola recebeu a carta que o presidente da Ação Democrática Independente (ADI), partido que venceu as legislativas, disse ter enviado ao Presidente João Lourenço na semana passada, antes da proclamação dos resultados, Téte António afirmou não ter tomado conhecimento, mas sublinhou que “os detalhes não são importantes”.
“O que é importante é o quadro geral que temos hoje e que todos nós já sabemos. Desde que haja respeito pelos processos com os quais nós próprios concordamos, desde que haja respeito pelas instituições, penso que essa é a cultura que nós como a CPLP temos que continuar a encorajar e a desenvolver”, disse o ministro das Relações Exteriores de Angola, país que detém a presidência rotativa da CPLP.
Por outro lado, Téte António realçou os laços de cooperação, amizade e proximidade entre São Tomé e Príncipe e Angola e os respetivos chefes de Estado.
“Sabem que o Presidente João Lourenço tem uma relação excelente com o Presidente Vila Nova e neste âmbito também é de todo o interesse que a qualquer momento cada um de nós pode ir a Luanda ou vir a São Tomé”, disse o governante angolano.
De acordo com os dados divulgados pelo Tribunal Constitucional, a ADI, partido liderado pelo ex-primeiro-ministro Patrice Trovoada, teve um total de 36.212 votos, o que corresponde a 30 mandatos, acima dos 28 necessários para ter maioria absoluta na Assembleia Nacional, com um total de 55 lugares.
O Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe/Partido Social Democrata (MLSTP/PSD), do atual primeiro-ministro, Jorge Bom Jesus, que procurava um segundo mandato nestas eleições, recebeu 25.287 votos, equivalentes a 18 deputados.
A terceira força política no parlamento são-tomense, com cinco eleitos, será a coligação Movimento de Cidadãos Independentes — Partido Socialista/Partido de Unidade Nacional (MCIS-PS/PUN), mais conhecido como ‘movimento de Caué’, distrito no sul da ilha de São Tomé), após ter tido 4.995 votos.
Com mais votos, mas menos mandatos, foi o resultado do movimento Basta — que absorveu o histórico Partido da Convergência Democrática (PCD) e acolheu ex-membros da ADI. O Basta, que tinha como um dos cabeças de lista o presidente do parlamento, Delfim Neves, avançou pela primeira vez para as urnas e obteve um total de 6.788 votos, elegendo dois deputados.