O Presidente da República de Angola (PRA), João Lourenço anunciou que será realizado este ano um fórum de investidores para a região angolana do Okavango, destacando que o executivo está empenhado em desenvolver o potencial turístico daquela zona transnacional.
João Lourenço discursava na capital do Botsuana, onde chegou na quinta-feira, para uma visita de Estado de três dias a convite do seu homólogo, Mokgweetsi Eric Keabetswe Masisi.
Abordou a cooperação entre os dois países que esta ainda “muito aquém do que se espera”, esperando que se iniciem “passos concretos” nas áreas de interesse identificadas pelos dois países como agropecuária, energia e águas, indústria e comércio, hotelaria e turismo, geologia e minas, conservação da Natureza, etc.
Realçou que Angola definiu o turismo como um setor prioritário na sua estratégia de diversificação da economia, que passa pelo aproveitamento das potencialidades turísticas da Região angolana do Okavango, que é parte integrante da Área Transfronteiriça de Conservação Okavango Zambeze, integrada por Angola, Botswana, Namíbia, Zâmbia e Zimbabwe.
“Este projeto transnacional constitui um grande exemplo de cooperação multilateral para a preservação dos recursos faunísticos partilhados, onde se destaca o elefante, que atravessam a nossa fronteira comum ao longo do corredor migratório de vida selvagem do (rio) Cuando”, salientou.
O chefe do executivo angolano acrescentou que Angola está “a trabalhar afincadamente na componente angolana do Okavango”, tendo sido criado um grupo multissetorial para análise e inventariação dos recursos faunísticos e fundiários, “para ultrapassar todos os constrangimentos que condicionavam a plena participação de Angola nesta louvável iniciativa”.
“Consideramos essencial a atração de investidores, principalmente os que já atuam no Botswana, para o fomento da atividade turística na componente angolana do Okavango”, disse, anunciando que será realizado, em 2023, o primeiro Fórum de Investidores para a região angolana do Okavango, “que representa uma grande oportunidade” para os grandes investidores que atuam no Delta do Okavango conhecerem o potencial e as oportunidades de negócio.
“Trabalhemos juntos na criação de incentivos visando a promoção de um turismo sustentável, com base no aproveitamento das potencialidades naturais oferecidas pelo Okavango e zonas circundantes, contribuindo assim para o alavancar do desenvolvimento económico e social das comunidades rurais estabelecidas nesta zona”, apelou João Lourenço, que espera contar com a experiência do Botsuana para capacitar quadros angolanos relativamente à gestão da parte angolana da área transfronteiriça de conservação e de parques e reservas naturais como as do Luengue-Luiana e de Mavinga.
João Lourenço apontou também o grande interesse na cooperação no setor da agricultura e pecuária e aspetos relativos ao setor dos transportes, nomeadamente, o estabelecimento de rotas aéreas para impulsionar o intercâmbio comercial, cultural e turístico entre os dois países.
No domínio dos recursos minerais está a ser criada “uma plataforma de concertação permanente nos domínios da exploração, produção e comercialização de diamantes”.
O presidente angolano afirmou-se ainda preocupado face aos graves acontecimentos e suas consequências que ocorrem no continente africano (Sudão, na RDC, em Moçambique e na região do SAHEL, Médio Oriente e com a “agressão da Rússia à Ucrânia” e anexação de parte do seu território que “viola os princípios do Direito Internacional, constitui um mau precedente nas relações entre os Estados e periga a paz e segurança mundiais”.