O Presidente da República de Angola (PRA), João Lourenço considerou hoje positivo o desempenho da diplomacia nos últimos cinco anos, reiterando a necessidade de reforço na área económica e de mais esforço para eliminar a burocracia.
Falando hoje na abertura do IX conselho consultivo alargado do Ministério das Relações Exteriores de Angola, João Lourenço realçou que a diplomacia nos últimos anos esteve virada para a sensibilização de Governos, entidades públicas em matéria de cooperação, empresários e potenciais investidores, para mobilizar financiamentos, atrair investimento privado, reforçar a cooperação e parcerias, bem como reposicionar Angola no contexto de África e do mundo.
Segundo João Lourenço, este esforço enquadra-se na estratégia de promoção do desenvolvimento económico e social angolano, através da captação de investimento estrangeiro direto na economia nacional, por via do qual pretendem diversificar a economia, aumentar a produção interna de bens e serviços, as exportações, criar mais empregos e melhorar as condições de vida da população.
O chefe de Estado angolano destacou que, apesar da pandemia da covid-19 ter limitado durante cerca de dois anos, os resultados que se pretendiam alcançar, aos poucos os parceiros internacionais “têm focalizado as suas atenções” no mercado angolano, “na sequência da melhoria significativa do ambiente de negócios que hoje é mais favorável ao investimento privado”.
“As nossas missões diplomáticas e consulares devem prestar uma atenção particular a uma diplomacia económica, divulgando de forma direcionada a alvos concretos as grandes potencialidades económicas do nosso país, a legislação aprovada nos últimos anos, para remover ou diminuir a burocracia e outros entraves, combate que se vem travando contra a corrupção e a impunidade, o programa de privatização de importantes ativos do Estado por via de concurso público e outras importante medidas já assumidas e que estão a dar resultados positivos”, apelou João Lourenço.
Às embaixadas angolanas, o Presidente angolano exortou trabalho para atrair investidores em todas as áreas da economia angolana, realçar o potencial agrícola do país, “que nesta crise alimentar pode contribuir para a redução do défice, aumentando a produção de alimentos a exportar”, bem como destacar o potencial energético de Angola, capacidade de exportar hidrogénio verde e de produzir as baterias para os carros elétricos como contribuição para a redução das emissões do carbono.
Por intermédio dos diplomatas angolanos, acrescentou João Lourenço, “o mundo precisa de saber que Angola aderiu à Iniciativa da Transparência nas Indústrias Extrativas e que os investidores têm assim maior garantia de transparência na concessão das licenças de exploração, produção e comercialização de todos os nossos recursos minerais”.
João Lourenço pediu igualmente facilitação no processo de emissão de vistos para os homens de negócios e todos os cidadãos estrangeiros que pretendam fazer turismo ou conhecer Angola.
“Esta é uma condição fundamental para a necessária abertura do país ao investimento direto estrangeiro e ao turismo internacional”, disse, acrescentando que “a vinda ou não das grandes cadeias hoteleiras e dos grandes operadores turísticos internacionais depende muito do bom ou mau trabalho exercido por vós, de quem temos a obrigação de cobrar resultados e responsabilizar”.
Sobre os embaixadores, o chefe de Estado angolano disse que a rotação diplomática deve ser feito com regularidade, incluindo o regresso ao órgão central, também extensivo aos diplomatas de outras categorias e pessoal técnico a exercer funções no exterior.
“Entre duas missões no exterior, enquanto aguardam pela próxima missão, os embaixadores devem trabalhar no ministério, estar ocupados nas diferentes direções ou proferir palestras na academia diplomática para transmitir sua experiência”, disse.
Os ministérios das Relações Exteriores e o das Finanças devem se preocupar mais em cuidar do património de Angola no exterior, sobretudo ao património imobiliário existente, como os edifícios das chancelarias, as residências para os funcionários, os terrenos para a construção, cujas obras às vezes levam anos para arrancar, recomendou ainda João Lourenço.
Uma gestão responsável e parcimoniosa dos recursos alocados às embaixadas é outra das orientações do Presidente angolanos aos embaixadores no exercício das suas funções e obrigações com o Estado acolhedor, “evitando comportamentos que manchem o bom nome a reputação da República de Angola”.