O Procurador-Geral da República (PGR) de Angola lamentou que as autoridades judiciais e políticos dos Emirados Árabes Unidos (EAU) não tenham entregue à justiça angolana a empresária Isabel dos Santos para responder pelos 12 crimes de que é acusada.
“Remetemos toda a documentação necessária ao Dubai, aos Emirados Árabes Unidos e aguardamos que eles cumpram”, afirmou Hélder Pitta Groz no final de uma visita ao seu homólogo português, Amadeu Guerra.
Pitta Groz reiterou que “fizemos visitas concretas aos Emirados para podermos contactar as autoridades competentes e aguardamos que eles digam alguma coisa, já não depende de nós”.
Acusada de 12 crimes num processo que envolve a sua gestão à frente da petrolífera estatal Sonangol entre 2016 e 2017, Isabel dos Santos tem reiterado a sua inocência e classificou o processo de político.
Nas declarações aos jornalistas feitas nesta quarta-feira, 30, em Lisboa, o PGR sublinhou que “o importante é que se ponha à nossa disposição para que o processo seja concluído, seja por detenção ou por apresentação de sua livre e espontânea vontade”, e enfatizou que “ninguém detém uma pessoa pelo prazer da detenção, mas pelo menos esperamos que [Isabel dos Santos] fique à disposição dos órgãos de justiça de Angola”.
O PGR lembrou que, enquanto isso não acontecer, é difícil os processos ficarem concluídos”.
No final do encontro, Hélder Pitta Groz afirmou que o encontro entre ele e Guerra foi apenas de cortesia, pois queria saudar o novo PGR, e que os casos de Isabel dos Santos não estiveram na agenda.
Empresária e filha do falecido Presidente José Eduardo do Santos, Isabel dos Santos, vive fora de Angola há vários anos.
Numa investigação realizada há cerca de dois anos, o Consórcio Internacional de Jornalismo de Investigação revelou em 2020 mais de 715 mil ficheiros, sob o nome de Luanda Leaks, que detalham alegados esquemas financeiros de Isabel dos Santos e do marido, Sindika Dokolo, entretanto falecido, que lhes terão permitido retirar dinheiro do erário público angolano através de paraísos fiscais.
A empresária tem mantido a declaração de inocência, argumentando que este é um processo político movido pelo atual governo angolano com o objetivo de denegrir a imagem da família do antigo Presidente.
A defesa de Isabel dos Santos nem ela própria se pronunciaram sobre o assunto. Hélder Pitta Groz diz que a empresária devia apresentar-se à justiça e esclarecer todas as dúvidas que pesam sobre ela.