A Assembleia Nacional da República Democrática do Congo (RDC) votou, na noite de quinta-feira, para demitir a sua presidente, próKabila, um passo crucial na ofensiva do Presidente, Felix Tshisekedi, para derrubar a maioria parlamentar leal ao seu antecessor, Joseph Kabila.
Os deputados aprovaram a “remoção” da presidente do parlamento, Jeanine Mabunda, por 281 votos, contra 200 votos, com uma abstenção e um voto nulo. Os apoiantes de Joseph Kabila tinham reivindicado uma maioria de mais de 300 dos 500 deputados desde as eleições legislativas de 30 de Dezembro de 2018. “Este é o ponto de viragem no mandato de cinco anos de Felix Tshisekedi”, disse no Twitter um dos seus colaboradores mais próximos, Micée Mulumba.
“Com a queda da presidente da Assembleia Nacional, é a maioria da FCC [Frente Comum do Congo] que acaba de ser derrubada e de que maneira”, reagiu um deputado, tendo os resultados sido recebidos com gritos de alegria. Proclamado o vencedor das eleições presidenciais de 30 de Dezembro de 2018, o Presidente Tshisekedi governava desde Janeiro de 2019 em coligação com as forças do seu antecessor, que tinha a maioria na Assembleia e no Senado.
Sob o olhar ansioso da comunidade internacional, o maior país da África Subsaariana está a afundar-se numa crise desde que o chefe de Estado anunciou domingo o fim da coligação que formou com Kabila. O Presidente anunciou que queria assegurar uma nova maioria na Assembleia para apoiar a sua política de reformas, sob pena de dissolver a câmara baixa.
O plenário e a votação desta quinta-feira foram convocados por uma nova mesa provisória da Assembleia, criada na terça-feira por iniciativa dos apoiantes de Felix Tshisekedi. A Assembleia teve de votar “petições” (uma espécie de moção de desconfiança) apresentadas contra Mabunda e os cinco membros da mesa cessante. Acusada de “opacidade” na sua gestão financeira, Mabunda procurou defender o seu mandato, apelando aos deputados para votarem “sobre questões puramente técnicas e não políticas”.