O Relatório do Emprego em Angola 2024, hoje divulgado, revela a elevada disparidade salarial existente no país e o desfasamento entre a procura e a oferta de trabalho, com défice de oferta de emprego.
O estudo, realizado pelo Centro de Investigação Económica da Universidade Lusíada Angola (Cinvestec) com base nos dados recolhidos entre 2020 e junho de 2024 através da plataforma de emprego Jobartis, revela que entre os salários mais altos e os mais baixos praticados em Angola a diferença chega a ser de 340 vezes.
De acordo com o relatório, entre as profissões mais bem pagas estão os diretores-gerais, com salários que chegam aos 17 milhões de kwanzas (cerca de 18.600 euros), seguidos dos diretores, advogados seniores e engenheiros seniores, com médias na ordem de milhões de kwanzas.
No extremo oposto, entre os mais mal pagos, estão o pessoal de limpeza (cerca de 131 mil kwanzas, 144 euros), o pessoal de segurança (cerca de 140 mil kwanzas, 154 euros) e os motoristas (valores mínimos em torno de 100 mil kwanzas, 110 euros).
Apesar da amostra reduzida – apenas 21 empresas responderam –, as conclusões revelam algumas tendências relevantes, evidenciando um desfasamento entre a procura e a oferta de trabalho, marcado por poucas vagas abertas face ao elevado número de candidatos.
No documento destacam-se as dificuldades das micro e pequenas empresas em pagar salários competitivos, embora sejam responsáveis por parte significativa da criação de emprego.
Mais de 50% das empresas inquiridas manifestaram intenção de aumentar o número de trabalhadores, sobretudo as de menor dimensão, mas o impacto global é limitado e insuficiente para inverter o défice de vagas no mercado.
Do lado da oferta, os jovens adultos (23–35 anos) dominam a força laboral e assumem papel central no futuro do mercado de trabalho angolano. No relatório salienta-se a “confiança, às vezes quase excessiva, com que os candidatos encaram as suas perspetivas de mobilidade e empregabilidade”, apesar das dificuldades estruturais.
O Cinvestec conclui no estudo que o mercado de trabalho angolano está em transformação e a ganhar sofisticação, mas continua marcado por fortes desigualdades salariais e défice de oferta de emprego.