O Sindicato dos Jornalistas de Angola (SJA) alerta para nova onda de perseguição e intimidação a jornalistas. O líder do sindicato, Teixeira Cândido, pede à Procuradoria-Geral da República que investigue todas as denúncias.
Um ano depois de uma marcha inédita dos jornalistas angolanos contra a violação da liberdade de expressão e imprensa em Angola, o jornalismo independente continua a ser alvo de intimidações, dentro e fora do país.
O tipo de intimidação ou perseguição varia, com diversos casos a serem relatados nos últimos dias. Um jornalista angolano terá escapado a uma tentativa de rapto em Portugal, onde estava a passar a férias. Não se conhecem, no entanto, pormenores sobre o caso. Outro jornalista denunciou nas redes sociais que recebeu mensagens intimidatórias de grupos fiéis ao regime angolano.
Os processos judiciais contra os profissionais do setor continuam em andamento, relembra o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas Angolanos (SJA), Teixeira Cândido.
“Estamos a falar do Graça Campos, que foi notificado pelo Serviço de Investigação Criminal, mas não sabe ao certo quem terá sido o autor da notificação nem do que se queixa. Ele suspeita também que, em determinada altura, terá sido vigiado”, acrescenta.
O secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas de Angola (SJA) associa estes novos casos aos de 2022, ano de eleições gerais em Angola e em que houve assaltos a residências de jornalistas e à sede do sindicato. Teixeira Cândido explica que “em todos esses assaltos levaram computadores” e diz que a situação nunca se viu resolvida.
“É uma situação preocupante na medida em que, até hoje, não estão esclarecidos esses assaltos”, afirma o secretário-geral do Sindicato dos Jornalistas de Angola (SJA).
O sindicato apela a uma intervenção urgente da Procuradoria-Geral da República (PGR) para pôr fim à intimidação de jornalistas através de processos judiciais e na alteração da natureza dos mesmos.
“Que os crimes sejam semipúblicos, no sentido em que jornalistas devem fazer queixas, estamos a falar de situações recorrentes em que a situação se está a tornar preocupante e o Ministério Público não devia cruzar os braços”, explica Teixeira Cândido.
Ativistas perseguidos
Não serão apenas os jornalistas a ser alvo de intimidação, diz Hitler Chiconde. Muitos críticos do Governo também passam por situações semelhantes, refere o ativista cívico angolano, em declarações à DW África.
Hitler Chiconde reside neste momento no Brasil e admite que nem fora de Angola se sente seguro. Receia que também aí esteja a ser observado e relata que mal chega a um novo país “informo as autoridades do país quem eu sou”.
“Tive contacto com a agência brasileira de inteligência, que é o equivalente ao SINSE, informei que sou ativista e que corro risco no meu país e se eventualmente acontecer-me alguma coisa, uma das pistas são mesmo os meus conterrâneos que estão aqui”, explica Chiconde, deixando o seu exemplo como conselho a outros ativistas angolanos.