Numa nota, a que agência Lusa teve acesso, o SJA considera que as sucessivas e arbitrárias detenções dos jornalistas no exercício das suas funções, como ocorreu no último final de semana, retira à Polícia Nacional a autoridade moral para reclamar dos cidadãos o respeito às leis do país.
“A detenção de quatro jornalistas e um motorista, da Rádio Essencial, por mais de 48 horas, e outros três por algumas horas, da Zimbo e da Agência France Press, traduz-se não apenas no desrespeito à profissão dos jornalistas, mas à própria Constituição da República de Angola, que investe a Polícia Nacional de autoridade pública para garantir a ordem e proteger os cidadãos”, refere a nota.
Para o SJA, a polícia prestou, mais uma vez, “um mau exemplo de uma instituição que se quer republicana e ao serviço dos cidadãos”, exigindo que o Comando Geral da Polícia justifique o comportamento reiterado dos seus agentes para com os jornalistas no exercício das suas funções, que são constitucional e legalmente reconhecidas.
Ao ministro das Telecomunicações e Comunicação Social, o SJA agradece o empenho para a libertação dos jornalistas, arbitrariamente detidos.
Por outro lado, o SJA apela à sociedade a cessar com as ameaças à integridade física dos jornalistas da Televisão Pública de Angola, apesar de reconhecer o direito que tem de exigir um jornalismo plural e de qualidade.
“Num estado democrático e de direito, o SJA recorda que quaisquer ofensas aos direitos devem ser reparados pelas instâncias competentes criada pelo Estado”, sublinha a nota.
Também a Associação dos Repórteres de Imagem de Angola (ARIA) fez sair um comunicado de imprensa, no qual manifesta a sua solidariedade para com os colegas jornalistas que foram detidos em pleno exercício da sua atividade profissional e que foram confundidos com manifestantes no passado sábado.
“Para o bem do jornalismo angolano, apela a quem de direito a libertação dos referidos profissionais”, lê-se no documento.
Em causa está uma tentativa de manifestação no passado sábado, frustrada pela polícia, em cumprimento ao decreto presidencial do estado de calamidade pública, que no âmbito das medidas de combate e prevenção da covid-19 faz algumas restrições, entre as quais o ajuntamento nas ruas de mais de cinco pessoas.
Os protestos resultaram em confrontos entre manifestantes e as forças da ordem, que resultou em centenas de detenções, entre as quais de jornalistas.