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Somoil: Antiga empresa do antigo vice-presidente da Angola, Manuel Vicente continua a preparar “entrada” em bolsa para ajudar a financiar-se

O Presidente do conselho de administração da Somoil, maior petrolífera privada angolana, disse hoje que está a decorrer o processo de preparação para a entrada em bolsa, em 2025, admitindo que atualmente a empresa ainda não está preparada.

Segundo Edson dos Santos, decorrem trabalhos de organização da empresa para darem esse passo, destacando que “a Somoil hoje vale muito, muito, mais do que valia há dois anos”.

O responsável frisou que a entrada em bolsa é uma outra forma de a empresa se financiar.

“E nós achamos que para a Somoil parte do nosso crescimento vai ter que ser via entrada em bolsa. O processo de preparação já começou, o objetivo é em 2025 termos a Somoil em bolsa, em Angola e, talvez, em outra parte do mundo, provavelmente seria Londres”, referiu.

O responsável observou a intenção de internacionalização da empresa nos próximos anos, sendo que a estratégia passa por priorizar África “por uma questão de controlo e gestão de risco”.

“Sempre que olhamos para oportunidades, principalmente fora de Angola olhamos também para o risco geopolítico e estabilidade contratual, não queremos ir para uma geografia como a de vários países onde de um dia para o outro há mudanças dos termos contratuais, a nacionalização de ativos, temos que ser bastante seletivos geograficamente para onde queremos ir”, realçou.

Além da estabilidade geopolítica e contratual, acrescentou Edson dos Santos a empresa tem igualmente como indicadores os ativos em si.

“Mas acreditamos ainda em Angola, nós vemos muito crescimento em Angola, continuamos a achar que vamos continuar a crescer também em Angola, mas é importante uma empresa ter um portefolio balançado, inclusive geograficamente, daí nós querermos também internacionalizar”, disse.

Somoil destaca resultados históricos por dois anos consecutivos

O presidente do conselho de administração (PCA) da Somoil, maior petrolífera privada angolana, considerou hoje 2022 um ano histórico para a empresa, quando alcançou resultados líquidos de 182,1 milhões de dólares (166,2 milhões de euros).

Num encontro hoje com a imprensa, denominado “Café com a Media”, para falar sobre os resultados da empresa nos últimos dois anos, Edson dos Santos destacou o crescimento significativo da produção média diária, que passou de 4,3 mil barris de petróleo/dia, em 2021, para 12 mil barris de petróleo/dia, com destaque para a contribuição do Bloco 14/14K (6,9).

Segundo Edson dos Santos, a produção da empresa “quase que triplica ano a ano”. Em 2020, lembrou, os blocos operados pela Somoil produziam cerca de oito mil barris e “hoje a produção operada pela Somoil está próximo dos 20 mil barris”.

“Mais do que duplicou a produção operada por nós. De onde é que vêm esses números? Muito foco na tecnologia – os campos da Somoil são muito antigos, estão em produção desde os anos [19]70 – muito investimento em ‘upgrade’, modernizar os campos operados por nós, saímos de bombas hidráulicas para bombas ‘jets’, mobilizámos uma unidade de perfuração em terra, uma sonda que nos tem ajudado a fazer poços novos para mitigar o declínio e aumentar a produção”, referiu.

Edson dos Santos referiu que a produção petrolífera em Angola vem declinando, mas para a Somoil a situação nos últimos dois anos “tem sido reversa”.

Outro bom indicador para a empresa, prosseguiu o PCA da petrolífera, tem sido a redução dos custos de produção, “o que mostra que a Somoil como operador tem-se tornado cada vez mais eficiente”, com custos atuais de 14,5 dólares (13,2 euros) contra os anteriores 32,4 dólares (29,5 euros), em 2019.

Com um aumento de ano para ano das receitas, associado ao aumento da produção e de preço, a empresa fechou 2022 com 448,3 milhões de dólares (cerca de 409 milhões de euros) e um resultado líquido de 182,1 milhões de dólares.

“Mais uma vez entre a Somoil histórica e a contribuição do Bloco 14/14K. Sem o Bloco 14/14K o resultado líquido da Somoil melhorou próximo de 88%, saímos de uma empresa de 41 milhões de dólares [37,4 milhões de euros] para próximo dos 77 milhões de dólares [71 milhões de euros] do resultado líquido. Quando olhamos para o resultado líquido integrado, levando em consideração o Bloco 14/14K, este número sobe para mais de 340%, de 2021 para 2022 e 182 milhões de dólares seria o resultado líquido integrado”, realçou.

O PCA da Somoil sublinhou que o fator preço “ajuda bastante”, mas não é o que mais influencia os resultados, salientando que foi feita uma análise dos resultados com o preço do ano anterior, sendo a contribuição aproximada dos 35% dos resultados.

“Em 2021, a Somoil vendeu o seu petróleo próximo dos 71 dólares [64,8 euros] por barril e em 2022 vendeu próximo dos 97 dólares [85,8 euros] por barril. O preço ajudou, mas a maior contribuição vem mesmo do aumento da produção e melhoria da eficiência”, disse Edson dos Santos, destacando também a flexibilidade do Estado nas melhorias dos termos contratuais.

“Claramente o melhor ano da história da Somoil, 2021 já tinha sido o melhor ano da história da Somoil, 2022 é ainda melhor, um ano histórico para nós, marca um crescimento significativo, claramente mais seguros, mais amigos do ambiente e mais lucrativos”, frisou.

Operadora em quatro blocos com potencial de 50 mil barris diários, nomeadamente o Bloco 2/05 (30%), FS (15%), FST (31,33%) e CON-1 (40%), a Somoil tem ainda participação em sete blocos operados por terceiros, Bloco 3/05 (10%), 3/05ª (10%), 4/05% (18,75%), 14 (29%), 14K (14,5%), 17/06 (10%) e CON-6 (35%).

Nos últimos dois anos, a Somoil tem aumentado os seus ativos, destacando-se a aquisição de 20% de participação à Total do Bloco 14/14K, o primeiro em águas profundas em perfuração em Angola, operado pela Chevron, com uma produção de cerca de 60 mil barris/dia.

Sobre a aquisição do Bloco 17/06, Edson dos Santos disse que o objetivo é passar de 5% para 7,5%, adquirindo a participação de 2,5% da tailandesa PTTEP.

“Um bloco em desenvolvimento, muito potencial e outro lado que nos atrai nesse bloco é o potencial de gás”, disse o responsável, citando a aquisição de 5% dos ativos da GALP no Bloco 32, em águas ultraprofundas, operado pela TotalEnergies.

De acordo com o PCA da Somoil, a empresa aposta também dentro da indústria petrolífera no ‘downstream’, com a Somoil Distribuição, prevendo a construção de pelo menos 25 postos de abastecimento, dos quais dois prontos a entrar em funcionamento este ano, uma aposta nos lubrificantes e energias renováveis, com projetos em carteira para o fornecimento de energia solar.

 

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