A Televisão Pública de Angola (TPA) registou um capital próprio negativo de 18,3 mil milhões de kwanzas (16,9 milhões de euros) e resultado líquido negativo de 7,5 mil milhões de kwanzas (6,9 milhões de euros) em 2024, segundo dados oficiais.
A Televisão Pública de Angola (TPA) absorveu também a maior fatia dos subsídios à exploração (23,8%), seguida da Rádio Nacional de Angola (RNA) com 19,7%.
No exercício económico de 2024, os subsídios à exploração — recursos públicos destinados a cobrir despesas operacionais das empresas do Setor Empresarial Público (SEP), sobretudo para pagamento de salários — totalizaram 46,27 mil milhões de kwanzas (42,6 milhões de euros), representando um aumento de 3,4% face a 2023.
Os dados, resultantes das demonstrações financeiras da TPA, constam do Relatório Agregado do Setor Empresarial Público 2024, consultado hoje pela Lusa.
As demonstrações financeiras referentes ao exercício económico de 2024 evidenciam um ativo líquido de 70,6 mil milhões de kwanzas (65,1 milhões de euros) e um capital próprio negativo de 18,3 mil milhões de kwanzas, incluindo um resultado líquido negativo de 7,5 mil milhões de kwanzas.
De acordo com o auditor independente, que emitiu o seu parecer às contas da TPA “com reservas”, as demonstrações financeiras foram preparadas segundo o princípio da continuidade das operações “apesar de, em 31 de dezembro de 2024, a empresa depender maioritariamente dos subsídios de exploração e os capitais próprios serem negativos no montante de 18,3 mil milhões de kwanzas, situação que tem vindo a persistir nos últimos exercícios”.
Segundo o relato sobre a auditoria à TPA, enquadrado no relatório agregado do SEP 2024, elaborado pelo Instituto de Gestão de Ativos e Participações do Estado (IGAPE), os resultados operacionais deste órgão também são negativos num total de 6,3 mil milhões de kwanzas (5,8 milhões de euros).
Os fluxos de caixa provenientes de atividades operacionais são igualmente negativos, num total de 17,8 mil milhões de kwanzas (16,4 milhões de euros) e os ativos correntes são inferiores aos passivos correntes, num total de 69,8 mil milhões de kwanzas (64,3 milhões de euros), salienta o auditor.
À data de emissão do presente relatório, os valores a receber do pessoal, observa o auditor, encontram-se “indevidamente reconciliados” com os registos e livros contabilísticos da empresa, tendo sido apurada uma diferença de cerca de 912 milhões de kwanzas (800 mil euros).
“Consequentemente, não nos é possível concluir quanto ao efeito de eventuais ajustamentos nas demonstrações financeiras da Empresa, em 31 de dezembro de 2024, caso tivéssemos obtido tais informações complementares e esclarecimentos adicionais”, acrescenta.
Os dados acima constam igualmente do relatório e parecer do conselho fiscal da TPA, assinalando que os prejuízos reduziram para 7,5 mil milhões de kwanzas em comparação ao período homólogo de 2023, quando o resultado líquido foi de 10,7 mil milhões de kwanzas (9,9 milhões de euros) negativos.
O conselho fiscal da TPA, após analisar as demonstrações financeiras da empresa e o relatório do auditor externo, considera que a situação económica e financeira, face aos resultados registados e aos investimentos que tem em carteira, “requer esforços conjugados”.
A adoção de um plano de negócio robusto e aumento das receitas gerais constituem “ações indispensáveis para a continuidade da atividade da TPA”, empresa detida a 100% pelo Estado angolano, acrescenta.