A Polícia Nacional de Angola (PNA) anunciou hoje que três dos nove agentes que estiveram envolvidos na detenção e agressões a um jornalista angolano foram alvo de um processo disciplinar.
José Honório, jornalista da agência de notícias angolana Angop, terá sido “violentamente agredido”, a 16 de novembro, quando propôs uma “abordagem pedagógica” aos agentes da Polícia Nacional que interpelavam “zungueiras” (vendedoras ambulantes) no Lobito (província de Benguela), segundo o Sindicato dos Jornalistas Angolanos.
O comunicado do Comando Provincial da Polícia de Benguela apresenta outra versão dos factos, referindo que José Honório “veementemente e de forma física” tentou impedir a polícia de apreender os bens que “teimosamente as vendedoras comercializavam na via pública”.
Segundo a versão policial, o jornalista “chegou a pegar o braço de um dos agentes para retirar a bacia com produtos apreendidos”, pelo que decidiram detê-lo face à “obstrução da atividade policial”.
O comunicado salienta que José Honório se recusou a ir à esquadra e a subir para o carro da polícia, resistindo e usando da força física, o que levou os agentes “a fazer uso da força para vincar a sua autoridade”, culminando com a sua detenção “devidamente algemado”.
A polícia de Benguela, “tendo em atenção a forma e intensidade como os factos se desenrolaram”, determinou um inquérito e levantado um processo disciplinar em que deverão responder três dos nove agentes envolvidos, tendo os restantes seis sido ilibados.
O comando provincial apela, no comunicado, a que os cidadãos que presenciem uma ação policial que configure excesso ou arbitrariedade se limitem a denunciar o facto à polícia e não coloquem em causa a autoridade dos agentes, lamentando o incidente com o jornalista “que bem poderia ter sido evitado”.