Analistas angolanos consideram que a abstenção de Angola na votação da resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas que condenou a invasão da Ucrânia pela Rússia configura, na prática, um voto favorável à acção de Moscovo. MPLA diz queé respeito por todos. Assembleia Geral da ONU aprovou resolução a condenar a invasão russa com 141 votos a favor, 35 abstenções e 5 contra.
Deputado do MPLA diz que a posição do Governo reflecte “vontade soberana do Estado angolano”.
Ao todo 141 países votaram a favor, 35 se abstiveram e apenas cinco votaram contra.
Entre as abstenções destaca-se a presença de Angola e Moçambique, dois países africanos de língua oficial portuguesa.
O pastor evangélico Elias Isaac diz que, com esta atitude, o Governo de Angola colocou os interesses políticos e económicos “acima do princípio da defesa da vida humana”.
“É muita pena” , lamentou aquele analista político, para quem “a abstenção em termos éticos é a aprovação e o Governo aprovou o que a Rússia está a fazer na Ucrânia”.
“Angola não ficou bem na fotografia”, considera, por seu lado, o jurista e analista político Vicente Pongolola, acrescentando que “não condenar a Rússia é estar alinhado com a Rússia”.
O investigador Francisco Tunga Alberto acrescenta que o Governo não devia tomar qualquer posição política sobre a guerra na Ucrânia sem ouvir o Parlamento e as várias organizações da sociedade civil angolana, “particularmente as dos direitos humanos”.
“Haverá consequências no futuro”, adverte.
Entretanto, o deputado João Pinto, do MPLA, considera que a decisão do Governo “representa vontade soberana do Estado angolano”.
Para aquele dirigente do partido no poder, a posição não pode ser entendida como um apoio à agressão da Russia à Ucrânia mas “reflecte uma diplomacia que visa atender o respeito de todos”.
África do Sul, Argélia, Burundi, Congo, Guiné Equatorial, Madagáscar, Mali, Namíbia, República Centro Africana, Senegal, Sudão do Sul Uganda, Tanzânia, Sudão e Zimbabwe são outros países africanos que também se abstiveram na condenação à Rússia.
Os votos contra pertencem à Federação Russa, Eritreia, Coreia do Norte, Bielorrússia e Síria.
Entre os lusófonos, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Brasil e Portugal votaram a favor.
A VOA continua a aguardar um posicionamento do Governo de Angola.