spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Ucrânia: Angola preparou-se para “choques externos” e não sofre ainda impacto dos preços

O impacto da guerra da Rússia na Ucrânia não se reflete ainda nos preços em Angola, mas o país tem estado a preparar-se, criando uma reserva, diversificando os fornecedores e apostando no aumento da produção agrícola, afirmou fonte governamental.

“Nós não estamos à parte destas implicações devido às tensões geopolíticas que estão a acontecer. Mas nós antecipámo-nos já, no ano passado, com a nossa Reserva Estratégica Alimentar para fazer face às variações dos preços das principais ‘commodities’ que importamos, estamos a referir-nos principalmente aos cereais”, disse Mário Caetano João.

O ministro da Economia e Planeamento falava em Luanda, à margem da I reunião conjunta de ministros da Economia, Comércio e Finanças da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), em representação do Governo de Angola que assegura atualmente a presidência rotativa da organização lusófona.

Por enquanto, a inflação mensal em Angola segue ainda uma tendência decrescente: “Já saímos de 2,01% em dezembro e estamos a 1,53% no final do março, por isso ainda não sentimos [o aumento dos preços]”, reforçou.

Para Mário Caetano João, também o aumento da produção nacional tem sido decisivo para conter os preços.

“Angola, durante muitos anos, funcionava como uma plataforma logística em que os produtos eram importados e distribuídos, ou seja, a produção nacional não era um elemento fundamental na formação dos preços. Hoje a situação é diferente, saímos de uma dependência do petróleo em que este representava 43% do PIB, em 2011, e agora contribuiu com cerca de 26 a 27%”, justificou.

Segundo o ministro, a agricultura tem estado a crescer, nos últimos três anos, cerca de 5% e a previsão para este ano será na mesma ordem, esperando-se um crescimento das pescas em 10%, do comércio em 3,8% e transporte em cerca de 2%.

“De facto, o que está a mover Angola é o agronegócio e nós estamos em crer que este será o principal motor da nossa diversificação”, reforçou.

O governante sublinhou que a alta dos preços acontece “em todo o lado”, incluindo nos países que exportam para Angola, pelo que “incontornavelmente” o país vai também importar a inflação.

“Vamos estar dependentes também da variação de preços nesses mercados através dos quais importamos”, disse Caetano João, sublinhando que Angola vai continuar a procurar a segurança alimentar para atenuar o impacto.

No caso do trigo, cereal usado no pão e que constitui uma das bases de alimentação das famílias angolanas, a Rússia e a Ucrânia estão entre os maiores exportadores, mas Angola recorre a diferentes origens.

“Temos trigo da América Latina e da Europa ocidental e mercados de leste. Temos um ‘mix’ de origens das nossas ‘commodities’ e é claro que o mercado, os empresários estão atentos, acima de tudo querem encontrar negócio aos melhores preços”, destacou o responsável.

O ministro da Economia e Planeamento realçou que Angola está também a aumentar a sua produção de trigo, e tem usado a Reserva Estratégica Alimentar, como mecanismo de curto prazo para fazer face a choques externos.

“Mas a longo prazo, vamos reforçar mecanismos de fiscalização do mercado e da política monetária (…) para salvaguardar o poder de compra da nossa população”, complementou.

 

 

spot_imgspot_imgspot_imgspot_img
spot_imgspot_imgspot_imgspot_img

Destaque

Artigos relacionados