O secretário de Defesa dos Estados Unidos, Lloyd Austin, descartou hoje que a utilização, pela Rússia, de mísseis hipersónicos na invasão da Ucrânia seja um “ponto de viragem” no conflito desencadeado por Moscovo, mas antes uma forma de “ganhar impulso”.
“Não vejo isso como um ponto de viragem. Acho que a Rússia os usa [mísseis hipersónicos] para ganhar impulso. Vimo-los a atacar vilas, cidades e civis. Achamos que eles continuarão a fazê-lo, mas não acho que isso mude as regras do jogo”, disse Austin, em entrevista à cadeia de televisão americana CBS, noticia a agência espanhola EFE.
O chefe do Pentágono alertou que se a Rússia vier a usar armas químicas ou biológicas na Ucrânia, isso será “um passo muito sério” e receberia “uma forte resposta dos Estados Unidos e da comunidade internacional”.
Lloyd Austin insistiu que a retórica nuclear de Moscovo “é muito perigosa”, mas manifestou-se “confiante na capacidade de defesa” dos Estados Unidos e dos seus aliados.
Durante a entrevista à CBS, Austin acusou a Rússia de “atacar deliberadamente” a população civil pelo facto de a sua operação militar ter “estagnado”.
“Recorrem a esse tipo de tática que vemos todos os dias e é realmente nojento. Mas tiro o chapéu ao povo ucraniano, que está a lutar com força”, disse o chefe do Pentágono.
O Kremlin confirmou hoje a utilização de mísseis hipersónicos Kinzhal para destruir “um grande armazém de combustível”, na cidade de Konstantinovka, no sul da Ucrânia.
É o segundo caso confirmado pelas autoridades russas de utilização daquele armamento na Ucrânia e no mundo, sendo que até agora aqueles mísseis, de alta precisão, com alcance de mais de dois mil quilómetros e uma velocidade dez vezes maior que a do som, apenas tinham sido usados em testes militares.
Uma das principais características da arma é a possibilidade de ser sempre manobrada, durante a sua trajetória, o que torna extremamente difícil a sua interceção.
A Rússia lançou em 24 de fevereiro uma ofensiva militar na Ucrânia que causou pelo menos 902 mortos e 1.459 feridos entre a população civil, incluindo mais de 170 crianças, e provocou a fuga de mais de 10 milhões de pessoas, entre as quais mais de 3,3 milhões para os países vizinhos, indicam os mais recentes dados da ONU.
Segundo as Nações Unidas, cerca de 13 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária na Ucrânia.
A invasão russa foi condenada pela generalidade da comunidade internacional, que respondeu com o envio de armamento para a Ucrânia e o reforço de sanções económicas e políticas a Moscovo.