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UNITA diz que o discurso do João Lourenço é contraditório e diz que não se deixa intimidar

A UNITA considera hoje “contraditório” o discurso do presidente do MPLA, João Lourenço, ao reiterar o direito à manifestação, na abertura da IV sessão ordinária do Comité Central do seu partido.

Nelito Ekuikui, secretário provincial de Luanda da UNITA, que liderou a representação do partido na manifestação de Sábado, 24, disse hoje, 29, em declaração ao Novo Jornal, que as palavras que João Lourenço sobrou hoje na abertura do Comité Central (CC) do MPLA são contraditórias porque afirmam o direito à manifestação e, ao mesmo tempo, é dito que a UNITA não tinha esse direito.

“Não entendemos o discurso do senhor presidente do MPLA, ao afirmar que os cidadãos angolanos têm o direito de reunião e de manifestação, parece ter ignorado que foi isso simplesmente que comunicados”, asseverou.

A manifestação de Sábado foi organizada pela sociedade civil – Movimentos Revolucionário e pela Cidadania, com o apoio da UNITA e do Bloco Democrático – e culminou com a detenção de 103 pessoas que estão agora em julgamento sumário no Tribunal Provincial de Luanda.

Relativamente ao envolvimento direto da UNITA e os seus deputados à Assembleia Nacional na manifestação, fortemente criticada por João Lourenço, Nelito Ekuikui disse que “um deputado é um cidadão comum e pode participar em qualquer manifestação para exigir melhorias de condições de vida dos cidadãos que representa no Parlamento “.

“Fomos eleitos pelo povo. No momento em que o nosso eleitorado atravessa momentos da vida, nós os deputados temos que manifestar a nossa solidariedade”, acrescentou, saliente que a presença na manifestação “não merece repúdio porque estão a cumprir o que a Constituição de Angola diz ser um direito “.

De acordo com o deputado, o discurso do Presidente do MPLA não intimida à UNITA quando referiu o principal partido da escolha “deve assumir todas as consequências dos seus atos”, considerando ter sido uma “irresponsabilidade”. que pode ter contribuído para o aumento acentuado de novos casos de contaminação por Covid-19.

“O senhor Presidente do MPLA não pode intimidar a UNITA. O Executivo que ele dirige, deve dialogar com uma sociedade, para o País sair da crise em que se encontra neste momento”, referiu.

Na sua opinião, o comportamento da UNITA não vai deitar por terra todo o esforço que a Nação vem fazendo, desde Março do corrente ano, no combate à pandemia.

“Neste luta contra a Covid-19, o Executivo conta com o apoio da UNITA e da sociedade civil em geral. O que estamos a pedir é que o Governo trace políticas claras para mitigar a crise que afecta os angolanos, não obstante a pandemia” , insistiu, reforndo que o estado de emergência que se quer implementar novamente no País “é para escapar à responsabilidade porque o Executivo não consegue cumprir o que prometeu”.

O que disse João Lourenço?

O presidente do MPLA, e também Presidente da República, referiu-se, no discurso de abertura do CC, à manifestação do fim-de-semana, organizada pela sociedade civil e que contou com o apoio da UNITA e do Bloco Democrático, com críticas à forma como esta foi organizada contrariando conforme disposições inseridas no decreto presidencial para o controle da Covid-19.

Neste discurso, onde João Lourenço focou a sua atenção nos episódios recentes, gerados pela manifestação, que foi reprimida pela polícia, dando origem à detenção de 103 jovens, que estão em julgamento sumário no Tribunal Provincial de Luanda, ficou claro que o líder do MPLA e Chefe de Estado viu de forma negativa o apoio conferido pelo maior partido da adesão aos promotores do protesto.

O Presidente da República, embora falando na qualidade de líder partidário, e citado pela Angop, apontou como “tristes” os episódios de violência verificados no contexto da manifestação que o Movimento Revolucionário e o Movimento para a Cidadania organizaram para exigir medidas contra o desemprego, contra o aumento do custo de vida e pela marcação das alterações autárquicas.

Considerou “reprovável” o envolvimento da UNITA e dos seus dirigentes, incluindo deputados à Assembleia Nacional, “determinada”, baseando que esse comportamento deve “merecer o mais veemente repúdio da sociedade angolana” e deve assumir como responsabilidades, nomeadamente no que diz respeito ao fisco de novos contágios ..

Sociedade angolana que o líder do MPLA e chefe do Executivo convocou para não “permitir que partidos políticos com assento parlamentar incitem jovens à desobediência civil” e deixou claro que não entendeu o maior partido da tomada deve assumir como consequências da sua “irresponsabilidade”.

E fez questão de sublinhar a ideia de que o direito à manifestação em Angola não é ficção, porque o País já assistiu a manifestações pacíficas, protestos e graves, sem problemas, mas abriu um parêntesis para o período que o País e o mundo atravessam graças à pandemia da Covid-19, conceituadas de controlo à sua expansão impõem “restrições temporárias” a esses direitos.

Aviso directo à direcção da UNITA

Apontando as baterias à UNITA, de forma concreta e intencional, o presidente do MPLA disse que existe a possibilidade de comportamento dos dirigentes do partido do “Galo Negro” poder levar à obrigação de um novo período de “estado de emergência”.

João Lourenço deixou ainda sentido que os dirigentes da UNITA não respeitam o investimento que o País está a fazer no combate à pandemia, desde “hospitais de campanha” aos “materiais de biossegurança e laboratórios de biologia molecular”.

E libertar, mais na vertente política um recado, identificar qualificar aquilo que entende ser estratégia da UNITA, que é garantia de que, se o presidente do maior partido da prestação, Adalberto da Costa Júnior, pretende forçar bilaterais a partir de uma situação de “ingovernabilidade do País”, isso “não é concretizável” no contexto político atual onde, lembrou João Lourenço, citado pela Lusa, “as instituições democraticamente instituídas têm um funcionamento pleno”.

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