A UNITA considera um “golpe baixo” as notícias que puseram em causa a licenciatura do seu líder Adalberto Costa Júnior. Um “não-assunto” para “distrair sobre grandes questões”, diz o maior partido da oposição angolana.
O porta-voz da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Marcial Dachala, diz que há uma campanha contra o presidente do partido. Notícias recentes puseram em causa a licenciatura de Adalberto Costa Júnior no Instituto Superior de Engenharia do Porto (ISEP). No entanto, o ISEP já confirmou que Costa Júnior obteve o grau de bacharel em engenharia eletrotécnica, em 1995.
“Ele é o líder. Não foi eleito porque exibiu um diploma. Foi eleito porque é neste momento aquele que melhor interpreta o programa de sociedade da UNITA. Ponto final”, esclareceu o porta-voz do partido em entrevista à DW África.
Questionado sobre a possível existência de uma campanha contra a Frente Patriótica Unida (FPU), Dachala considera que o presidente Adalberto Costa Júnior tem sido perseguido. “Isso começou tão logo ele demonstrou vontade de candidatar-se a presidente da UNITA”, diz.
Adalberto Costa Júnior foi eleito duas vezes pela maioria esmagadora dos delegados ao décimo terceiro congresso, entretanto repetido. “Portanto, para nós isto não é assunto. O que conta para nós é aquilo que o presidente Adalberto representa hoje, como esperança de uma Angola inclusiva, de uma Angola que se vira definitivamente para o futuro, com vista ao desenvolvimento de todos os angolanos, mediante o seu trabalho num quadro democrático e de reconciliação”, sublinha ainda o porta-voz.
Um golpe baixo
A UNITA diz que vai para as eleições de 24 de agosto com a determinação de dar uma contribuição positiva e elevada para o debate e para os programas que defende, que acha que melhor servem o povo.
“Porque o povo angolano para nós é sagrado, portanto temos de servi-lo com elevação. Agora aqueles que, como estamos a assistir, vão por golpes baixos, que façam o seu caminho. Nós não faremos este caminho. Nós faremos o caminho da dignificação da política e o caminho do respeito do sagrado povo de Angola”, esclareceu.
Quanto às notícias que acusam Abel Chivukuvuku, líder do projeto político PRA JÁ-Servir Angola, ex-dirigente da UNITA e da coligação CASA-CE, de ameaçar funcionários da companhia aérea angolana TAAG, o porta-voz do galo negro diz que “é bom que as pessoas que gostam de falar entendam que somos pessoas com inteligência”.
A Televisão Pública de Angola (TPA) noticiou que o político, que participou sábado (11.06), em Cabinda, num comício da UNITA, terá violado “medidas aeronáuticas” ao embarcar num voo da TAAG sem o talão de embarque. O político angolano confirmou à Lusa ter voado a partir de Cabinda para Luanda sem talão de embarque, questionando haver lugares vazios no avião e sugerindo uma tentativa de o reter naquela província.
Marcial Dachala pede que respeitem a dignidade das pessoas. “Se alguém tem provas, que venha a público e diga e afirma o que viu. Um dia, de certeza absoluta, quando houver sol a mais, dir-se-á que houve sol a mais porque alguém da UNITA fez acontecer. Um dia se chover um pouco menos ou houver seca, provavelmente vão imputar este fenómeno natural à UNITA”, reagiu.
Caso encerrado?
Será que agora fica encerrado o dossier sobre a licenciatura de Adalberto Costa Junior? Para o deputado João Pinto, do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), parece que não.
“Bacharel não é engenheiro, é a conclusão do terceiro ano. Para ser engenheiro, em 1995, eram precisos quatro ou cinco anos feitos. Evitemos a enganar as pessoas com informação confusa, deturpada ou omissões intencionais. Ser Bacharel não é ser engenheiro”, escreveu o parlamentar do partido no poder na sua conta do Facebook.
Mas para a UNITA, trata-se de um debate académico que não tem interesse rigorosamente nenhum para o pequeno agricultor que se encontra em Lumbala Guimbo (localidade no interior de Angola) ou para um mineiro que está nas minas de Canfufo.
“O que conta para nós é aquilo que o presidente Adalberto tem como projeto de sociedade da UNITA para Angola. É isso que conta. Agora estes debates são para nos distrair sobre grandes questões que devem ocupar o nosso tempo, a nossa inteligência e a nossa energia”, remata.