A Universidade Católica de Angola (UCAN) inaugurou hoje o edifício da sua Extensão Universitária, infraestrutura que dedicou, em homenagem póstuma, a Michael LeMoyne Kennedy, impulsionador financeiro da primeira instituição de ensino privada angolana.
A sessão de homenagem contou com a presença de Michael Kennedy Júnior, vice-presidente da americana Citizens Energy, e filho de Michael LeMoyne Kennedy, advogado e filho do senador Robert Kennedy, que morreu em dezebro de 1997 devido a um acidente de ski.
Na abertura da cerimónia, o arcebispo da arquidiocese de Luanda, Filomeno Vieira Dias, expressou reconhecimento e gratidão pelo contributo dado na concretização do projeto de criação de uma universidade privada em Angola, de matriz cristã.
Filomeno Vieira Dias contou que foi em Roma que o cardeal Alexandre do Nascimento teve o primeiro encontro com Michael L. Kennedy, para avançar com o projeto, cuja materialização estava baseada em três pilares: financeiro, institucional e académico científico.
“Para o aspeto científico e académico, obteve o apoio e a solidariedade da Universidade Católica Portuguesa, para o apoio institucional encontrou a colaboração de Albina Assis [antiga ministra dos Petróleos], do professor França Van-Dúnem [na altura primeiro-ministro] e do Presidente da República José Eduardo dos Santos, que assinou o decreto que autorizava a criação da Universidade Católica de Angola, com as características que hoje tem”, disse.
Na questão financeira, segundo Filomeno Vieira Lopes, Michael L. Kennedy disse que iria apoiar fazendo uso dos seus conhecimentos, de doações, da legislação norte-americana e também legislação angolana para poder encontrar “um desenho que garanta os fundos para o desenvolvimento da Universidade Católica de Angola”.
“E assim foi, e assim aconteceu, a primeira doação para a restauração do edifício onde começou a funcionar a Universidade Católica de Angola foi resultado deste empenho de recolha de fundos de Michael L. Kennedy, com aquele dinheiro restaurou-se o antigo colégio das irmãs de São José de Cluny”, lembrou.
Filomeno Vieira Dias, igualmente chanceler da Ucan, referiu que foi criado um fundo de 1,5 milhão de dólares (1,4 milhão de euros) para qualquer emergência.
“Por isso, devemos muito a Michael Kennedy e ele também teve a iniciativa da constituição de uma fundação para continuar a apoiar o desenvolvimento da igreja católica”, frisou.
A Ucan tem atualmente perto de 4.500 estudantes de graduações e 176 estudantes de mestrado, cerca 30 professores lecionam em cinco faculdades e três institutos superiores com uma oferta formativa de 21 cursos de graduação, além de sete mestrados e duas pós-graduações, 12 centros de investigação, dos quais seis autónomos e seis dependentes de unidades orgânicas.
A Ucan já formou 6.300 graduados em várias áreas e 20 mestres em economia e serviço social.
Com a extensão universitária, têm sido desenvolvidos vários projetos, entre os quais a formação de um número considerável de agentes prisionais e comandantes municipais e provinciais da Polícia Nacional em matéria de direitos humanos, promovida pelo Centro de Direitos Humanos da Ucan, numa parceria com as Nações Unidas.
Na sua intervenção, Michael Kennedy Júnior destacou a importância desta homenagem ao seu pai, que começou a viajar para Angola quando ele tinha 09 anos.
“Através dele, os meus irmãos e eu começámos a criar uma conexão com Angola mesmo vivendo a nossa infância nos Estados Unidos”, frisou, lembrando a dedicação que teve por Angola, tendo sido observador nas primeiras eleições gerais no país africano, em 1992.
“É possível ver claramente por meio dos seus depoimentos escritos o quão dedicado ele era ao país, ao seu processo de paz, desenvolvimento económico e democratização”, referiu Michael Kennedy, destacando que através dos recursos do petróleo o seu pai sempre procurou financiar projetos educacionais.
Em declarações à imprensa, Michael Kennedy, que termina hoje uma visita de quatro dias ao país, manifestou-se feliz por estar em Angola e pela homenagem ao seu pai, sublinhando que a parceria com a Ucan é para manter e fortificar, “para melhores investimentos na educação”, sendo que os apoios se consubstanciam em recursos financeiros nos próximos tempos.