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Vigília em Luanda em solidariedade com detidos na manifestação e que aguardam julgamento

Menos de 30 detidos foram ouvidos hoje e houve protestos e confrontos com a polícia

Dezenas de pessoas, na sua maioria familiares e amigos dos activistas e políticos detidos durante a manifestação do dia 24 em Luanda, fizeram uma vigília em frente à Igreja da Sagrada Família na noite desta terça-feira, 27, como forma silenciosa de protesto pelas prisões e a demora do julgamento que devia ter sido realizado ontem.

O dia, como o de ontem, foi tenso, com o julgamento a ser realizado no Tribunal Provincial de Luanda a portas fechadas e longe da presença da imprensa.

Ante protestos dos familiares, amigos e activistas no local, a Polícia Nacional reforçou a sua presença no local e houve confrontos com os manifestantes a atirarem pedras e queimar pneus, enquanto os agentes respondiam com gás lacrimogéneo.

O conhecido activista Dago Nível, que também foi agredido frente ao Tribunal Provincial de Luanda, disse ter ido à vigília “para exigir a libertação dos seus companheiros e avisamos que os jovens não vão desistir”.

Ele afirmou que o “o julgamento passou para a esfera política e agora estão a avaliar as consequências da condenação dos jovens”, sublinhando que o Presidente João Lourenço não aprendeu com o passado.

Muitos manifestantes, que proferiam palavras de ordem contra o MPLA e ostentavam cartazes contra o desemprego e o Governo, disseram que vão manter-se nas ruas de Luanda.

O julgamento

Até ao início da noite, a VOA apurou que menos de 30 detidos foram ouvidos pelo tribunal, o que, a continuar neste ritmo, pode levar o julgamento durar toda a semana.

Uma fonte conhecedora do processo disse à VOA que a maioria dos detidos será acusada de crimes de ofensas corporais e de danos materiais e destruição de bens.

Entretanto, o advogado Zola Bambi, que detende alguns dos detidos, afirmou que as acusações “não estão muito fundamentadas”, mas não deu mais detalhes.

Dois dos detidos estão com Covid-19, aumentando o temor do alastramento da doença na cadeia, e há oito menores entre os detidos.

Todos foram detidos no sábado quando participavam numa manifestação contra o desemprego e a favor da marcação das eleições autárquicas, convocada por activista e que teve o apoio da UNITA.

VOA

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