Cadeia de supermercados entregue ao Estado pelos generais ‘Kopelipa’ e ‘Dino’ está a ser cobiçada por vários investidores. Ministério do Comércio tem propostas na mão e promete fazer concurso público em breve.
O Ministério do Comércio e Indústria já recebeu seis propostas candidatas à compra da cadeia de supermercados Kero. A empresa, pertencente ao Grupo Zahara, foi entregue ao Estado em Outubro do ano passado pelos generais Hélder Vieira Dias ‘Kopelipa’ e Leopoldino do Nascimento ‘Dino’.
Sem mencionar os nomes dos grupos empresariais, fonte do Ministério do Comércio e Indústria garantiu ao VALOR que a decisão vai passar por um concurso público a ser lançado brevemente para a alienação desses activos.
As lojas Kero têm sido alvo, nos últimos tempos, de notícias e imagens nas redes sociais que dão conta de dificuldades de abastecimento, por causa das prateleiras vazias em algumas lojas. As dificuldades agravaram-se desde que as lojas passaram para a esfera do Estado.
A narrativa é contrariada pelo Ministério do Comércio e Indústria que dá conta que os problemas das lojas, visíveis nas prateleiras vazias, nada têm que ver com o facto de estas terem passado para o Estado, visto que a gestão destes empreendimentos ainda não mudou. “A gestão do Kero continua a ser a mesma. O Governo não está a gerir nada. Nem o Igape que é somente o proprietário legal”, reforça a fonte.
No Ministério, admite-se, no entanto, que as lojas vazias são explicadas com uma consequência do próprio mercado, visto que as lojas Kero tinham a “fama de serem mal pagadoras”, com atrasos significativos aos produtores. A diferença, explica a fonte, é que, na altura, as lojas tinham uma posição de vantagem por causa da “influência” dos sócios, “que faziam com que as pessoas fossem obrigadas a colocar lá as mercadorias e hoje o mercado está de uma forma de toma-lá-dá-cá”.
Entrega pode chegar aos mil milhões de USD
Hélder Vieira Dias e Leopoldino do Nascimento entregaram ao Estado a rede de supermercados Kero e a Companhia de Bionergia de Angola (Biocom), entre outros bens e que podem estar avaliados em mil milhões de dólares, como calcula o jornal português ‘Expresso’.
Além dos supermercados Kero e da Biocom, os dois generais entregaram ainda as fábricas de Cimento (CIF Cement), de montagem de automóveis (CIF SGS Automóveis) e de cervejas (CIF Lowenda Cervejas) e ainda a CIF Logística, incluindo todos equipamentos, máquinas e móveis.
Foram também entregues ao Estado a centralidade ‘Vida Pacífica’, composta por 24 edifícios, três creches, dois clubes náuticos, e quatro estaleiros; a centralidade do Kilamba KK 5000, com um total de 271 edifícios e 837 vivendas em diferentes níveis de construção.
Neste leque de bens, encontram-se incluídos os edifícios CIF Luanda One e CIF Luanda Two e todos os seus equipamentos e móveis. No entanto, apesar da entrega voluntária desses edifícios, os dois generais foram constituídos arguidos pela Procuradoria-geral da República.