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“A Angolanidade de ACJ, ou a Oposição Angolana descobre a xenofobia da Oposição Angolana”

Vários membros da oposição Angolana denunciaram os ataques “racistas e xenófobos” do MPLA contra o Adalberto da Costa Jr, Presidente da UNITA, de uma campanha mediática do MPLA sobre a sua dupla nacionalidade e sua ascendência parcialmente Portuguesa, porem ironicamente estes tipos de ataques tem sido parte do arsenal retórico da oposição contra o MPLA durante décadas.

Não será possível sumarizar aqui a história do uso do discurso racista e xenófobo em Angola neste breve artigo, por isto apenas citar dois temas mais recorrentes:

1 – Racismo “O MPLA é um partido de brancos e mestiços”: Citado pelo próprio Savimbi como um dos motivos pela sua não adesão ao partido e uma das linhas de ataques constantes da FNLA contra o MPLA, que continua vivo até presente por meio do culto ao alegado genocídio do 27 de maio, especialmente quando sabemos que parte do discurso de Nito Alves se resumia a ataques de dos brancos e mestiços dentro do Partido e que os livros do General Fragas faz questão de realçar os “assassinos brancos”.

Achar estranho que o MPLA esteja cheio de mestiços seria como estranhar que a UNITA tenha muitos Bailundo ou que a FNLA tenha muitos Bakongos, pois são estas as pessoas que viviam nas zonas e nos grupos sociais que os fundadores dos três partidos preferiam recrutar, por estarem disponíveis e serem de confiança.

2 – Xenofobia – As origens dos dirigentes do MPLA: Um tema recorrente da retórica da oposição Angolana tem sido de questionar a “Angolanidade” dos dirigentes do MPLA, alegando que JES teria nascido em São Tomé e JLO seria um Congolês Catanguês, ou que seus pais tenham sido estrangeiros sem que até hoje se tenha apresentado qualquer tipo de prova.

Nota se que o mito do presidente estrangeiro é recorrente em África, com outros exemplos sendo a origem nigeriana do Omar Bongo, Centro Africana do Mobutu ou Ruandesa do Kabila, talvez uma sequela de mentes simplistas que acredita que basta ter laços de sangue para que o chefe da aldeia seja bom com seus súbditos, por isto o seu fraco desempenho ou maldade deve se ao facto de ele ser secretamente estrangeiro, fruto de uma infidelidade de sua progenitora. Porem no mundo moderno em que a economia e a sociedade sofrem influência de mil factores, muitos dos quais fora do alcance do governo local, reduzir a política a uma questão de origem foi o expediente dos preguiçosos mentais incapazes de discutir problemas mais complexos.

Nunca a oposição se preocupou em denunciar estes rumores, porem agora que as mesmas armas se voltam contra seu líder, em um ataque obviamente hipócrita e oportunista do MPLA, que visa a fazer “lembrar” aos Kwachas que eles são um partido Nacionalista Negro Bantu que não deveria ser liderado por um “laton”, as meretrizes se fingem de freiras e juram terem entrado no bordel por puro engano.

Este tipo de retórica continua em voga nos meios da oposição como foi provado pelo facto do Domingos da Cruz, que se quer teórico dos Revús, publicar um livro francamente racista sem que tenha suscitado o mesmo nível de inquietação no seio de nossas forças “democráticas”.

Pode ler uma breve resenha que escrevi sobre o livro: Domingos da Cruz desmascara o maior Racista de Angola em seu novo livro, “Racismo, O Machado Afiado”

Marcolino Moco denunciou o “bullying racista e xenófobo” contra líder da UNITA, porem em seu livro “Angola Estado Nação” estava em parte preocupado com o facto do MPLA ter no seu topo “alguns mestiços”.

Nota: Porque usar a palavra “bullying” que está associada a crianças ao invés de outra mais apropriada a um confronto político entre adultos?

A oposição, civil e partidária, quer se outorgar o direito de violar o princípio da não contradição, ou seja, que não podes mudar de argumentos durante uma discussão, para ganhar razão a todo o custo, sem primeiro reconhecer seu erro.

Ou seja, eles não se indignaram por serem contra o racismo e a xenofobia, pois ainda a pouco tempo usavam este ataque contra o MPLA, ou porque o MPLA se tenha realmente tornado em uma organização racista e xenófoba, o que no mínimo deveria ser provado por meio de uma purga de Rui Falcão e outros pesos pesados do partido por motivos apenas raciais, mas apenas porque eles dirão tudo para conseguir chegar ao poder e temem que seu eleitorado habituado com discurso sobre origens dos dirigentes do MPLA apliquem a mesma lógica ao presidente da UNITA.

Ainda mais interessante foi a reação de um escritor do Correio Angolense que resume a reação do Angolano da oposição ao caso:

1 – Choque diante da hipocrisia do MPLA levantar perguntas sobre as origens do ACJ.

2 – Amnésia total quanto uso desta mesma tática pela oposição faz décadas.

3 – Denunciar a hipocrisia do MPLA de atacar o ACJ pela sua ascendência Portuguesa porque o MPLA seria o “verdadeiro partido dos mulatos”, deste modo reconhecendo que concordam com a retórica racista, e lamentam apenas que foi usado contra o alvo errado.

Outros exemplos:

Roboredo Garcia

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