Caminha-se a passos largos rumo a 2022, o ano previsto para eleições gerais em Angola. O pleito poderá ditar a continuidade, ou não, de João Lourenço e do MPLA no poder. E como estão a preparar-se ativistas no Bengo?
Enquanto ruma-se às eleições de 2022 em Angola, ativistas no Bengo desdobram-se para mobilizar eleitores para irem às urnas e escolherem os seus legítimos representantes – mesmo que céticos quando à lisura e transparência dos processos eleitorais no país.
Os jovens ativistas pensam realizar encontros de reflexão com os potenciais eleitores no sentido de passar esclarecimentos sobre a importância do voto. A primeira sessão teve lugar neste sábado (05.06) e contou com a presença de ativistas implicados no caso 15+2, como Hitler Samussoco e José Hata.
Eleições justas e transparentes
Nelson Gangsta, rapper, escritor e ativista deseja eleições justas e transparentes. “Se não se fizer nada, se olharmos impavidamente, é provável que a fraude aconteça”, diz.
Gangsta explica algumas atividades possíveis de serem feitas com os eleitores, tais como “manifestações, palestras e fóruns para se identificar os que [querem] alternância [político-partidária] no país. O Movimento pela Libertação de Angola (MPLA) precisa de ir para oposição, isso tem que ser um fato”, desabafa.
Já o ativista Niga Jaime antevê uma batalha eleitoral renhida a julgar pelas últimas movimentações partidárias. Apela ao voto consciente e avança que o eleitor não pode ter uma “memória curta”.
“Muita gente foi para as eleições em 2017, votou no MPLA, mas se esqueceu daquilo que o partido prometeu: os 500 mil empregos. Mas quem vota nas eleições como um cidadão, está qualificado para fiscalizar o seu voto”, diz.
Importância do voto
Niga Jaime, ativista cívico, entende que o trabalho de esclarecimento das pessoas sobre a importância do voto é necessário. “É preciso consciencializar as massas e entender que o nosso voto é importante, mas não basta ir votar, temos que direccionar a população”.
Uma jovem que falou sob anonimato deverá votar pela primeira vez em 2022 e mostra ter noção da importância do voto. “Devemos votar sim porque queremos uma Angola melhor para o bem da nossa nação e dos nossos filhos”, explica.
Para dar início aos encontros de esclarecimento sobre voto consciente, uma atividade foi agendada para este sábado (05.06) em Caxito. Segundo um dos membros da organização, José Hata, eles foram obrigados a mudar de local devido a alguns atos intimidatórios registados.
Hata atribui a responsabilidade desses atos aos membros ligados à Segurança do Estado e ao partido no poder. “Infelizmente um grupo de cidadãos chegou ao local e trocou o cadeado. É mais uma tentativa de violação de um direito constitucional”, afirmou.
Sem gravar entrevista, uma fonte ligada à direção do MPLA avançou à DW África que o seu partido não está relacionado ao caso.