Advogado de Isabel dos Santos diz que, mesmo que seja emitido um mandado de detenção internacional, a empresária procurará refúgio na Rússia.
A defesa de Isabel dos Santos afirmou em entrevista ao canal português SIC que “o Estado angolano nunca vai conseguir prender” a empresária.
Questionado se teme um mandado de detenção internacional, Sérgio Raimundo, advogado da filha do ex-Presidente angolano, respondeu que “não é inteligente por parte do Estado Angolano insistir nesse caminho”.
“Ela não é só angolana, é também cidadã russa. Em última instância, ela vai para a Rússia. E quem é que vai [lá] buscá-la?”, questionou.
De acordo com a SIC, a última vez que a Justiça angolana terá notificado a empresária para responder pelos processos de que é alvo no país terá sido em fevereiro deste ano, três meses depois do funeral do marido de Isabel dos Santos, em Londres. O advogado Sérgio Raimundo diz que a empresária estava impossibilitada de regressar ao país porque Inglaterra fechou as fronteiras devido à pandemia da Covid-19.
“Ninguém se mete na jaula do leão”
O advogado refere ainda que, mesmo que cheguem novas notificações, Isabel dos Santos não comprará um bilhete de avião para Luanda. “É óbvio que ninguém, tendo noção e consciência que não há condições objetivas para uma justiça imparcial […] se mete na jaula do leão”, acrescenta Sérgio Raimundo na entrevista divulgada na quarta-feira (29.07).
Raimundo diz que a sua cliente está disposta a negociar, mas o mesmo não acontece por parte do Estado angolano: “Quando o mais alto magistrado da nação vem publicamente dizer que não haverá negociações, é uma instrução clara”, comenta, citando a entrevista à DW do Presidente angolano, em fevereiro de 2020, em que João Lourenço afirmava que “não se vai negociar” com Isabel dos Santos.
“Em 2020, uma investigação do consórcio internacional de jornalistas de investigação (ICIJ), denominada Luanda Leaks, revelou a existência de alegados esquemas financeiros da empresária e do marido, Sindika Dokolo, que terão permitido retirar milhões de dólares ao erário público angolano. Isabel dos Santos rejeitou sempre as acusações”.