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África do Sul: Antigo primeiro-ministro de Angola Marcolino Moco aplaude “declaração Tripartida” e diz ser possível entender o medo do MPLA

Estou a pensar na Decclaração Política da auto-denominada Frente Patriótica Unida, emitida na quinta-feira, dia 5 de Agosto .
Alegro-me que partidos e entidades políticas angolanas se juntem num projecto político que, aparentemente, não tem pressa em se costurar, para poder ganhar uma melhor sustentabilidade.

“E que este facto tenha acontecido na sequência duma afirmação muito acertada, de um dos seus impulsionadores (Adalberto da Costa Júnior, líder do actual maior partido da oposição) de que – mais palavra menos palavra – os problemas que Angola enfrenta não serão resolvidas por nenhum partido político, de forma isolada. Abrindo e fechando parênteses aqui, já se reparou que na avançada Europe de hoje de que tanto nos matamos a imitar, nas coisas da democracia, é raro encontrar um partido a governar sozinho, hoje”?

Fico contente, pois,  que se comece a colocar o foco em algo mais que não seja só ganhar as eleições e conservar ou assumir, pela primeira vez, todas as rédeas do poder. A isso eu venho chamando, há muito, a necessidade de se “estabilizar política, económica e socialmente  o nosso país.

É o que se não se faz desde 1974/5, quando o foco era “implantar exclusivamente a ideologia do meu movimento/partido de libertação nacional, único representante do povo angolano”. Porque os outros ou eram fantoches, ou eram comunistas ou eram menos africanos. Lógica que prevaleceu mesmo perante assinaturas de acordos que exprimiam ideias bem difererentes dessas intolerâncias. Por isso vieram as guerras e só muito tadiamente chegou a paz. Mas como o foco agora é ganhar eleiões sem olhar para a necessidade de acertar, previamente, aspectos demasiado fundamentais, estamos como estamos, até hoje.

Como não entender o medo de militantes mais acérrimos do partido de um poder quase absoluto e durante tanto tempo, com a possibilidade de serem apeiados de algo tão apetecido? Os três homens do podium esforçaram-se, pelo menos, a dar uma garantia de “sobrevivência” para quem, dentro da cultura da própria organização, as facções caidas em desgraças devem ser mais do que arrazadas, quando não recebem o nome de animais como “marimbondos”  ou “caranguenjos”. Podemos nos rir um pouco!

Lembram-se do que fui dizendo, mesmo depois de nomeado para um bem apetecido cargo, onde deveria passar descansadamente calado (não me disseram que seria assim!), sobre a necessidade de por fim a impunidade dos crimes de colarinho branco (eles continuam a chamar a coisa de “combate cerrado à corrupção”, mas só contra os baptizados de “marimbondos” e agora “caranguejos”!) de forma político-jurídica e não puramente de forma jurídico-legal, para salvaguardar o bom funcionamento do Estado, num momento complexo? E as as consequência de não se ouvir esse apelo que foi feito também por várias outras entidades, como a Igreja Católica? Por algumas declarações que ainda hoje mesmo li ou ouvi, há quem ainda não as sinta, essas consequências.

“Mas, não há como não me alegrar, que os três homens do podium tenham deixado clara a ideia da montagem de um mecanismo transicional que sempre nos fez falta, ao qual deixaram a possibilidade de se juntar outros homens e mulheres. Aberto e contra ninguém. E, aparentementemente, projectado para um tempo que nos ultrapassa, como geração de políticos com um pouco menos ou mais de 60 anos de idade. Nós os já cansados de tanta guerra e tantas guerras. Sem deixar uma herança que nos possa a vir orgulhar. Ainda”.

 

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