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Angola: Cônsul Geral em Portugal “desafia” autoridade do MIREX

Exonerado do cargo de cônsul geral de Angola em Junho, Narciso do Espírito Santo Júnior está indiferente à decisão do ministro das Relações Exteriores e continua a exercer as funções com normalidade.

No despacho em que o exonerou, o ministro das Relações Exteriores, Teté António, deu a Narciso do Espírito Santo Júnior um prazo de dois meses para ele e seu staff regressarem ao país e desse modo desocuparem o consulado para os futuros titulares.

O prazo dado pelo ministro esgotou-se no dia 27 de Agosto.

Desde que recebeu a ordem de exoneração, Narciso do Espírito Santos não fez qualquer diligência que sugerisse o fim da sua missão em Portugal. Pelo contrário, continua a praticar actos normais de um titular efectivo do consulado geral de Angola em Portugal.

No dia 14 de Junho, logo a seguir ao despacho da sua exoneração, a Direcção de Recursos Humanos do Ministério das Relações Exteriores fez chegar ao cônsul geral de Angola em Portugal a circular n. 50 nos termos da qual Narciso do Espírito Santos deveria tomar, de imediato, acções “como orientar o sector financeiro e administrativo no sentido de dar tratamento às acçoes conexas ao regresso dos funcionários abrangidos, no período de 30 dias”, e, “preparar o expediente de partida do funcionário e sua respectiva família no concernente a bilhetes de passagem, guia de marcha e de vencimento”, “assegurar as acções relativamente ao controle, não permitindo a matrícula dos dependentes do funcionário” exonerado, “para que não seja factor impeditivo de regresso do funcionário, considerando que em Angola as aulas começam em Setembro”.

Em clara e assumida afronta à medida de exoneração, Narciso do Espírito Santo continua a praticar actos só permitidos a titulares em efectivo exercício de funções.

Ontem, quarta-feira, 01, o exonerado cônsul espalhou pelos corredores do consulado um documento a que intitulou Plano de Actividades. Trata-se de um ambicioso roteiro que inclui excursões a localidades lusas como Madeira, Açores, Algarve, Portalegre e outros concorridos destinos turísticos portugueses. O consulado geral de Angola suporta os custos do longo passeio de Narciso Espírito Santo. Do cofre do consulado saiu dinheiro para as passagens aéreas para Açores e Madeira, hospedagem, aluguer de viatura, motorista para as visitas guiadas e ajudas de custo. Todas as despesas envolvidas nos outros destinos turísticos de Narciso do Espírito Santo correrão, igualmente, por conta do Estado angolano. A digressão do já exonerado cônsul começa no dia 11 e estende-se até ao final do mês de Setembro.

Nesse – e como em todos os anteriores – passeio, Narciso do Espírito Santo incluirá na sua “bagagem” o vice-cônsul Carlos Santos.

Proveniente do SIE (Serviço de Inteligência Externo), o vice-cônsul trocou o dever de denunciar aos seus superiores hierárquicos em Luanda as tropelias financeiras de Narciso do Espírito Santo pelas “migalhas” que recolhe nas companhias que faz ao “chefe”.

Também exonerados em Junho, continuam, porém em Lisboa e a viver às expensas do Estado, os funcionários Amélia Quiala (secretária e prima de Narciso Espírito Santo), Conceição Salamanqueiro (agente consular e pessoa de extrema confiança do exonerado cônsul), Lukénia Casemiro (sobrinha), Wilson Muquixe (financeiro). Joana Feliciano não tem nenhum vínculo com o Ministério das Relações das Relações Exteriores, mas por causa da condição de prima de Narciso do Espírito Santo vive, também, a expensas do consulado.

O exonerado cônsul geral de Angola em Portugal tem neste momento quatro coadjutores, nomeados por proposta dele, e todos eles a residirem na Expo, a mais cara área de Lisboa.

Chegados a Lisboa há pouco menos de seis meses, nenhum deles aceitou usar carros da considerável frota de viaturas do consulado. Todos, indistintamente, exigiram carros novos. O último carro, destinado à vice-cônsul Conceição Mawete, esposa do antigo embaixador Mawete João Baptista, foi entregue terça-feira.

Sob o pretexto de escassez de recursos financeiros, Narciso do Espírito Santo despediu muitos funcionários recrutados localmente, a maior parte dos quais angolanos, que vivem em Portugal pelas mais distintas razões.

O salário auferido pelos angolanos despedidos, em média 1.500.00, não chega aos “calcanhares” dos gastos diários de Narciso do Espírito Santos e do seu inseparável companheiro nas suas deambulações pelos locais mais aprazíveis de Portugal.

A situação que se vive no consulado geral de Angola em Portugal é um verdadeiro teste à autoridade do ministro das Relações Exteriores.

Nomeado em Janeiro deste ano, Tetê António comprometeu-se, entre outros, a devolver alguma “ordem” ao Ministério das Relações Exteriores, uma instituição com enorme histórico de nepotismo e malversão de dinheiro público.

 

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