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Angola: “Não é só condenar golpes na Guiné mas sim rejeitar os golpes jurídico-constitucionais” – Marcolino Moco

Tópica sobre alguns factos ou: dos golpes jurídico-constitucionais aos golpes militares, no continente africano

Agradeço muito as centenas e centenas de referências positivas ao meu post do dia 2 de Setembro, sobre o pisoteamento do direito à informação e à liberdade de expressão, no nosso país, numa reviravolta inesperada, em relação ao que nos foi prometido em 2017.

Sobre a responsabilização dos próprios jornalistas, em geral, eu não quis ir tão longe, “condenando-os” por terem de defender o seu pão de cada dia.

O sistema é que é por demais desabrido e chantagista, pois, como profissionais, as pessoas precisam de sobreviver, neste vale de lágrimas.

O que é preciso é que se encontre uma forma de se multiplicarem casos de coragem como o de Alves Fernandes. São estes os heróis do nosso tempo, especialmente, da juventude que não deve continuar amordaçada, depois de tantos esforços e esperanças desfeitas.

O atento jornalista Graça Campos revelou, por estes dias, um pormenor que me tinha passado despercebido, do tal racista e xenófobo comunicado de um partido com enormes responsabilidades pela paz e reconciliação, em Angola: “Que o MPLA não podia acabar com as assimetrias de Angola, em 45 anos, o que os portugueses – como quem diz, com o Adalberto junto – não conseguiram extinguir desde que chegaram a Angola, há 500 anos”.

Às observações jocosas ou quase isso, de Graça Campos, só quero acrescentar algo que a historiografia está rever. Repetindo aos desatentos.

A Angola política, sociológica e administrativa que temos hoje, não foi encontrada por Portugal daquele tempo. Ela foi sendo forjada a partir dessa altura, com o concurso de homens e mulheres, independentemente da sua descendência remota ou recente europeia, banta, autóctone (neste caso khoi-san) ou mista, até a proclamação da sua independência, em 1975.

Cabe aos angolanos, há quase 5 décadas independentes, acabar com as assimetrias, agravadas, justamente, depois da independência.

Assim continuarão, estou convencido, se qualquer partido que chegue ao poder, não importa de que forma, entender que esta deve ser sua obra exlusiva, por mais 500 anos, talvez.

O Conselho da República, que já tinha uma composição excelente, foi agora reforçado com gente de alto gabarito.

Mas, se se continua a nem sequer dar-lhe um cheirinho antecipado sobre matérias tão cruciais como revisões constitucionais, onde se beliscam princípios republicanos fundamentais, divisões administrativas do país e … quejandos, eu, pelo menos, não tenho motivos para me animar.

Se, por exemplo, passasse por lá, agora mesmo, a lei orgânca da eleições, tão fundamental para acalmar expectativas sobre a lisura e transparência das próximas eleições… talvez me animasse um pouco.

Porque da Guiné-Conacri e quejandos, não é só condenarmos energicamente, com toda a razão, os golpes militares. É preciso rejeitarmos, por antecipação, os golpes jurídico-constitucionais que são a causa do regresso aos golpes militares, em muitas das nossas áfricas, nos dias de hoje.

E para desdramatizar um pouco, depois de tanta seriedade e voltando ao tema de Graça Campos, uma boa piada que apanhei aqui nas redes, de quem?, não fixei: “S. Tomé acaba de eleger um conterrâneo meu do Huambo. Um mulato bem clarinho de Chinjenje”.

E não caiu, por isso, nem o Carmo nem a Trindade, em São Tomé e Príncipe. Rsrsrsrsrsrs. Raças, bem o recordavam, há dias, os meus amigos Salas Neto e Domingos das Neves, citando o Papa Francisco, referem-se muito bem a cães e cavalos. Não a humanos.

 

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