A criação de núcleos de activistas em Angola, com foco em mudanças na sociedade por via de agendas e projectos, é uma das propostas apresentadas no Fórum Provincial do Activismo de Benguela (FOPA), realizado no último final de semana. Reformulação do activismo impõe núcleos provinciais para mudanças na sociedade angolana.
A iniciativa, analisada num evento que passou em revista a liberdade de imprensa no contexto eleitoral, resulta da chamada reformulação do activismo no país, decorrente da prisão do conhecido grupo dos 15 + 2 em 2015.
Já refeito dos traumas provocados pelo tempo de cadeia, Álvaro Nuno Dala, um dos oradores convidados pela Rede de Activistas de Benguela, entidade promotora do evento, revela boas experiências com jovens em províncias anteriormente sem iniciativas.
“Como começar a sua caminhada enquanto activistas, como vencer o medo, porque neste país quem faz activismo é confundido com quem combate o Estado. O Dito, por exemplo, está a trabalhar com jovens locais no Moxico, sua terra , na realização de actividades cívicas”, indica.
“Eu fui para a minha província, Uíge, onde nunca tinha sido realizada uma manifestação em 45 anos de independência . Dei conselhos aos jovens e fiz o mesmo no Zaire, dizendo que é preciso projectos e uma agenda”, conclui Dala.
Muitos participantes dizem que falta liberdade de imprensa neste momento pré-eleitoral, assinalando que esta situação representa um mau presságio para o próximo ano.
Um deles é o consultor social João Misselo da Silva.
“O cenário actual é preocupante, visto que a imprensa pública desempenha um papel não adequado face à Constituição, na há igualdade de tratamento entre os actores políticos. Por isso a sociedade civil pede que o Governo olhe para este problema”, refere o consultor, acrescentando que “também a comunicação social privada deve ter critérios apropriados em termos de comportamento”.
Há pouco, a VOA questionou o secretário de Estado para a Comunicação Social, Nuno Caldas, sobre a liberdade de imprensa face aos vários processos-crime movidos contra jornalistas nos últimos tempos.
“O jornalista tem responsabilidade pública e o que ocorre é que o país está em reformas no seu ordenamento jurídico, há um novo código penal, que abrange todas as actividades, não apenas o jornalismo”, comentou o governante.